tag:blogger.com,1999:blog-3498131750118535472024-03-12T16:30:24.062-07:00OS CONTOS MAIS PERVERSOS DE A-LEX GOMEZA-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.comBlogger33125truetag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-85261430244196980552013-01-02T19:53:00.005-08:002013-09-05T01:39:00.789-07:00DESENTENDIMENTO<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
-Aê, ô gostosa! –ela me disse.</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ajeitou o saco na calça, escarrou no chão, estilo estivador tosca.</div>
<div class="MsoNormal">
-Coé, meter-lhe é a porrada. Tá me achando com cara de viado? Ô escroto!</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Cheguei a calcinha pro lado, botei <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pau pra fora, agachei e dei um mijão. Coisa de macho marcando território, fazendo xixi cheiro forte.</div>
<div class="MsoNormal">
-Ô... lá em casa! – continuou, sussurrando pra namorada, olhando pra minha racha.</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>De baixo da língua, enfática, sem papas (paga pela minha filha a drenagem linfática...).</div>
<div class="MsoNormal">
-Aê, cumpadi! Me respeite, não sou uma vagabunda qualquer!</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Continuei puto.</div>
<div class="MsoNormal">
-Sou puta sim, meu ponto é na encruzilhada.</div>
<div class="MsoNormal">
-Fudeu! Gilete! </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Falou por trás o bofe, barba hirsuta, batom torto, comprou a briga de galo, entrou <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na frente, histérica.</div>
<div class="MsoNormal">
-Galinha! Mulher de malandro, quem bate nela, aqui, só eu! Fera louca, corto pros dois lados!</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Saí do salto.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
O armário saiu e, duvidando de mim, deu o peito cabeludo pra eu cortar. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Dei. Uma vez só. Doeu.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
No meio do cabelo, entre os seios, abriu. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Um buceto.</div>
<div class="MsoNormal">
-É a casa da caralha!</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"></span>Sangue. </div>
<div class="MsoNormal">
-Chico! </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
O outro, histérica, rodou o baiano e pra cima de mim, ferida.</div>
<div class="MsoNormal">
-Viada!</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Veio com tudo. Paudurescência, veia dilatada.</div>
<div class="MsoNormal">
- Seu Exu! Vou meter-lhe...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Meu útero-traca-rua em fúria.</div>
<div class="MsoNormal">
- Vem porra! Sujeito homem que sou! Como caco de vidro...</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Engoliu a seco. Cuspi na cara do cara.</div>
<div class="MsoNormal">
-Tá fudida! Maria Mulambo, isso sim!</div>
<div class="MsoNormal">
Entrou com tudo. </div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quebrou a cara.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
No espelho.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Estilhaçado.Sete anos de azar...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Pó de vidro, pankake & sangue & narinas brancos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Tudo virou purpurina.</div>
A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-37207887343023683992011-06-28T07:53:00.000-07:002011-06-28T07:54:41.781-07:00Seleta para ediçãoSeleta para edição<br /><br />[ contato: alexandrecoimbragomes@hotmail.com ]<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/first-fisting.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/so-de-mae.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/mano-mano.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/apae.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/atendimento.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/cativeiro.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/absolvicao.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/chapa-quente.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/barulhao-gostoso.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/carne-de-vaca.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/cabeca-tronco-e-membro.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/foder-verbo-passivo-e-ativo.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/fotinha-de-tumba.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/auto-ajuda.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/torpedo.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/manual-para-escrever-conto-erotico_16.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/sangue-preto.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/preterito-mais-que-imperfeito.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/nao-rogai.html<br /><br />http://oscontosmaisperversosdealexgomez.blogspot.com/2010/09/multiplas-escolhas.htmlA-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-63557204818121067432010-09-16T01:42:00.001-07:002010-09-16T01:42:54.616-07:00Anotações de um leitor.<div align="justify"><span style="font-size:85%;">Estranho o universo que o autor aborda. A crueldade humana lhe é muito cara. E caro foi o preço que pagou pelos temas abordados: até então nunca conseguira uma editora que publicasse seus textos. A-LEX GOMEZ tem onze livros escritos. Todos impressos de forma caseira e distribuídos para poucos. Esta Antologia dos contos mais perversos e cruéis de A-LEX GOMEZ reúne alguns de seus contos. Quem já leu seus livros anteriores, pode considerar que os aqui selecionados talvez não representem os seus contos mais perversos e cruéis. Considerado na orelha do livro Contos Hediondos (2008), do escritor Glauco Mattoso, com quem escreveu um conto à quatro mãos, como um “calejado na ourivesaria da baixaria, um dos estetas da bestialidade e da hediondez”, o autor tem como temas recorrentes a pedofilia, o incesto, a necrofilia, o estupro, as perversões sexuais das mais diversas. A crueldade humana. Está mais para Sade do que pra Masoch, pra Charles Manson do que para Bukowisky. Está mais para o crime sexual do que para o consenso entre as partes, ainda que trate do universo sadomasoquista em alguns contos, seguindo o sadomasoquismo literário brasileiro inaugurado pelos autores Glauco Mattoso e Wilma Azevedo. A-LEX GOMEZ não é dado a preciosismos literários e jogos semânticos, seu texto é cru, vomitado às pressas, evocando a urgência de um realismo que, segundo o autor, viu ou viveu. Se autobiográficos, importará ? Importa o texto que nos pôe a nu, nós, parte humana, parte besta-fera. </span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><br /><br />Juarez Gomes de Sá<br />(Crítico Literário)</span></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-3079345542496947642010-09-16T01:38:00.000-07:002010-09-16T01:39:43.397-07:00MENINA DOS OLHOS<div align="justify">Os adultos, circunspectos e concentrados nos seus próprios assuntos evitavam olhar para a menina. Evitavam chegar perto dela para que os seus sussurros não chegavam até ela.<br /><br />Quietinha, lá, no canto da poltrona, havia duas horas, a menina sussurrava também os seus segredos com a sua boneca. Ela e a boneca. Velhinha, a boneca, apenas tufos de cabelos ainda restavam na sua cabeça mole de borracha, as pernas, que sempre se soltavam, reencaixadas às pressas e sem paciência pela mãe, tinha os pés trocados, boneca-curupira: a perna esquerda encaixada no lado direito e a direita no esquerdo. Encardido, puído, o mesmo vestidinho que nunca fora trocado desde que a menina a herdara da irmazinha mais velha. As bracinhos não tinham mais articulação, bracinhos inertes de boneca velha. Fora daquelas bonecas que fecham os olhos quando postas na horizontal. Abertos, em pé, fechados deitada. Não, não era mais, pois,quando deitada, somente um dos olhinhos verdes de vidro, o esquerdo, se fechava, o outro permanecia aberto. Nem cílios o olho estragado tinha. Boneca-aberração. A menina não via defeitos na boneca, sua única amiga e confidente.Trocavam os mais íntimos segredos. Amigas, a menina e a boneca no canto da poltrona conversavam baixinho, uma sussurrando segredos no ouvido da outra. A menina deitava e levantava a boneca. Com o movimento, o olho defeituoso, verde, sem cílios, permanecia aberto. Ao término de cada história contada a menina eufórica a erguia e a velha-boneca-caolha-dos-pés-invertidos piscava o olhinho direito para a menina:<br /><br />“Fica entre nós esse segredinho,einh?”<br /><br />-Conta! Conta outro segredo! – disse a menina baixinho no ouvido da boneca.<br /><br />E ouvia, com riqueza de detalhes, os segredinhos queria ouvir. A boneca sabia de muitos segredos. Contava tudo que a menina não sabia. Tirava o ouvidinho da boca da boneca, cabeça pra cima e gargalhava. Baixinho, pra não atrapalhar o sussurro dos adultos. Não continha seu fascínio pelos segredos. Levantava o queixo rindo. Rindo à beça da novo segredo da boneca. E erguia e deitava a boneca. E uma história trás da outra. Abraçava abraço apertado na boneca. Amassava até a cabeça da boneca o abraço abração da menina, tamanha a pressão do “Upaaa!” O olho direito dava meio salto pra fora da órbita, mas a cabeça voltava ao normal. E a boneca piscava pra menina:<br /><br />“Fica entre nós esse segredinho,einh?”<br /><br />As duas sozinhas,no canto da poltrona.<br /><br />“Amigas, amigas, amigas pra seeeempre!Né?”<br /><br />Uma piscada como resposta.<br /><br />Havia uma consternação entre os adultos. Os adultos desviavam o olhar da menina na poltrona. Dor de adulto ver a menina assim, sentada há tanto tempo, sem saber de nada. Mas não havia pra onde olhar. Doía ver a menina sozinha na poltrona, lá no canto, conversando com aquela boneca velha. Doía ver no meio da sala o caixãozinho. O caixãozinho da irmã mais velha da menina. Aquela tarde tortuosa pros adultos que em grupos, roupas pretas, fechavam-se em círculos uns olhando para os outros evitando olhar para mãe.<br /><br />Os adultos curvados com seus ternos pretos pareciam corvos. Medo de ver a dor.<br /><br />A mãe sentada ao lado do caixãozinho miando a dor de mãe. Os adultos curvados em grupos olhavam só para si. Medo de ver a dor doída. Medo-dó. Dó de ver os olhos abertos da menina morta. Medo de ver a mãe olhando com os olhos mais tristes do mundo a menina morta de olhos abertos no caixão.<br /><br />Os adultos corvos tinham mais medo de olhar para a menina na poltrona com a boneca. Medo grande. Medo-dó. Viram que a menina, isolada na poltrona com a sua boneca caolha, ainda não sabia da irmã morta no caixão.<br /><br />O flash do fotógrafo despertou alguns corvos. O clarão iluminou toda a sala. Todos olharam para o caixão com a menina morta de olhos abertos. Menos a menina com a boneca.<br /><br />A mãe levantou-se da beira do caixão e dirigiu –se para o fotógrafo:<br /><br />-Tirou a foto?<br /><br />Hábito do lugar tirar foto de criança morta no caixãozinho. Hábito do lugar: as fotos de crianças mortas sempre de olhinhos abertos. Pra todos verem depois o anjinho-morto na foto, com os olhos abertos. Como que vivo. A menininha deitada no caixãozinho, bracinhos cruzados, lacinho na cabeça, vestidinho branco, olhos abertos.<br /><br />A mãe esperava só por isso. Pela foto. Levantou-se, foi em direção à poltrona, unhas no braço da menina.<br /><br />-Vamos!<br /><br />Os corvos olharam por cima dos ombros curvados a menina agarrada com a boneca,suplicando pra mãe:<br /><br />-Deixa mãe! Deixa a boneca contar mais um segredo!<br /><br />A mãe puxou a menina pelo braço atravessando a sala e os corvos viram as lágrimas caírem das grandes pupilas brancas da menina agarrada com a boneca,que, balançando na mão da menina, ainda piscou o olho esquerdo para a menina de olhos abertos no caixão.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-80459664720418356752010-09-16T01:18:00.000-07:002010-09-16T01:19:41.665-07:00MÚLTIPLAS ESCOLHAS:<div align="justify">(1). Infâmia . Inocência. Torpeza. Pena. Brincadeirinha. Ingenuidade. Sordidez. Pureza e Defesa. Arrogância. Animosidade e Patologia. Inveja e Serenidade. Selvageria.<br /><br />(2).Vingança. Desilusão e Pilhéria. Desgraça. Culpa. Desmoralização. Regozijo. Anormalidade e Fanatismo. Perversidade. Desejo e Insanidade. Decepção. Pecado. Tara.<br /><br />(3).Vergonha. Insolência e Precipitação. Ressentimento. Impassividade e Insanidade. Decepção. Depravação e Descuido. Razão. Anormalidade. Pilhéria. Obrigação. Ciúmes. Virtude.<br /><br />(4). Distração. Determinação. Egoísmo e Passionalidade. Susto. Ódio e Tesão. Resignação. Desespero. Insanidade. Infantilidade e Possessividade. Sacanagem. Persistência. Impetuosidade.<br /><br />(5). Premeditação e Dependência. Medo e Vingança. Subserviência. Determinação e Arrependimento. Repugnância. Candura. Vício e Destino. Impossibilidade. Crença. Coragem e Sarcasmo.<br /><br />( ) - Do professor que passou o ferro na aluninha de treze anos, filha do seu amigo Junior, sem saber que ela ia ficar chantageando ele pra sempre? Do técnico de segurança Nicão, que esqueceu aquele dia de fazer a rotineira reunião no setor da fábrica? Do psiquiatra Domenico, que não sabia dizer não pras ninfetinhas que vinham todo dia na casa dele jogar vídeo-game e chupar o seu pau? Dos problemas na vida da Magda, como cuidar do filho doente, que fazem ela fumar cada vez mais e mais? Do Damião, o porteiro, que tinha certeza que o rapaz, o Zelão, que pediu pra ir no apartamento 202 era amigo do Doutor Marcelo? Do Ranieri, maior tirador de onda, acabando de vir dos States, playboy freqüentador do posto 9 em Ipanema que, pra impressionar as gatinhas na praia, colocava um enchimento na sunga? Da prima que engravidou do Helinho, o dos olhinhos verdes? Do Redson que, apaixonado há muito tempo pelo colega de repartição, decidiu finalmente declarar-se? Do Junior que, doidão, doidão, no carnaval de Porto Seguro, esqueceu de colocar a camisinha quando comeu aquela loirinha gostosinha? Da filhinha que, esquecendo de bater na porta do banheiro do pai, flagrou-o masturbando-se com uma foto da mulata Catarina de biquini? Do Fábio que, pra impressionar a gatinha na garupa, acelerou a motona na curva porrando de frente com a carreta, morrendo dilacerado na hora?<br /><br />( ) - Do Guto, casado, pai de família, que tomou coragem e colocou o anúncio no jornal: “Mulato, 1,80, ativo, discreto procura macho-fêmea para brincadeira a dois” ? Da Martinha que, cheia de vergonha, ficou molhadinha ao receber o toque do ginecologista bonitão? Do Redson que deu só aquele tequinho, unzinho só, depois de ter ficado seis meses internado na clínica ? Da Adriana que deu o pé na bunda do Irlan mesmo sabendo que ele tinha tendências suicidas? Da enfermeira Catarina que, num impulso, deu um beliscão no Adamastor velho cagão, velho cagão, logo após terminar de limpá-lo? Do Tadeu que dirigindo devagar depois de tomar só duas cervejas, só duas cervejas, não viu o menininho que esmagou nas rodas da caminhonete? Do cirurgião plástico Tadeu, que cometeu aquele erro médico irreversível? Da Priscila, estuprada pelos três caras do queixo quadrado que, pra cortar caminho, passou às três da madrugada pelo terreno baldio? Do filho-neto, aberração genética, seis dedos no pé esquerdo, que leva o avô-pai para a reunião dos pais na escola? Do médico de cabeça que passou aquele remédio que deixa o Ruan abobalhado? Do Seu Alfredo que, 30 anos soltando fumaça ao lado da esposa, acabou tornando Dona Almerinda uma fumante passiva?<br /><br />( ) - Do Fábio que só consegue gozar quando faz sexo com a esposa, a Samira, quando pensa na Eliana? Do Marco Antônio que não deveria ter dado aquela maldita moto pro seu filho, o Padre Valmir? Da Priscila que, mesmo desconfiando que tava com Aids, transou sem proteção com aquele moreno fortão no carnaval em Porto Seguro? Do maldito vício em nicotina, que faz a Magda parar e voltar, parar e voltar a fumar o diabo do cigarro? Do Gordo que toda vez que vai cagar deixa a tampa da privada com uma mancha de merda impregnada que não sai nunca, nem com bombril? Do Juca que só consegue entender um livro se transcrevê-lo por completo à caneta, linha por linha, num caderno aspiral? Do Ruan que, num lapso, largou a mão do filhinho Carlinho, de quatro anos, que correu pro meio da rua e foi parar embaixo das rodas da maldita, maldita caminhonete? Do professor que ouve o avô-pai preocupado com as notas e o comportamento do filho-neto? Da mãe que penteia o cabelo do filho antes de sair, mesmo ele tendo 38 anos de idade, tchau Cláberson, beijo na testa? Do Gustavo que desobedeceu a professore e mandou ela tomar no cu? Do Zéu e Zequinha que, morrendo de medo do irmão mais velho, o Zelão, que exercia sobre eles uma liderança violenta, ajudaram a comer aquela vadia no terreno baldio? Do Pedro Paulo que guarda uma cópia de todas as fotos que revela dela no Fotoshow A Melhor Revelação da cidade, em 36 poses, que vêm com poses pequenos lábios, grandes lábios sorrinho, caroço do cu arregalado?<br /><br />( ) - Da Jaciara, aluna da 8ª série, apaixonada de doer pelo professor Luciano que, doidinha doidinha de amor, foi sem calcinha aquele dia pra aula? Do Walmir que ofereceu pro Redson aquele risquinho de pó pelos velhos tempos, em pleno horário de trabalho? Da Eliana que saiu com o Fábio, seu amante, pruma rapidinha no motel na hora do almoço? Do psiquiatra Domenico que viu que pelo grau da patologia, só poderia receitar pro Ruan o Haldol Decanoato Injetável mesmo? Do Helinho que ficou insistindo, insistindo, só uma botadinha, com a prima Gislaine que não via há um tempão? Do Junior que perdeu a mão na perfiladeira da fábrica porque tava distraído? Do Marcelo que, por promover todas as sextas-feiras a rotineira suruba no seu apartamento, com o entra-e-sai, acabou confundindo o porteiro que deixou o assaltante entrar? Do Seu Alfredo, motorista de ônibus, que não conseguiu frear a tempo, antes de atingir o maluco que tava em pé de braços abertos no meio da avenida e acabou indo em cana por homicídio culposo? Da Milena que, às gargalhadas, depois de ter acabado de voltar de um motel com o Ranieri, humilhou-o contando pra todo mundo do quiosque sobre a propaganda enganosa? Da solteirona que marcou pela décima segunda vez encontro pelo orkut mas não foi por medo de ser rejeitada? Do Marcelo que,em Guarujá , puto com a irmã, nadou nadou pra ficar longe dela e voltou inchado e roxo e fedendo? Da Gislaine, doze anos, que levava a Jaciara, treze, e da Mônica, treze, que, rindo pra caramba, roubavam muito dinheiro da carteira e perfume e jóias, toda terça-feira, na casa do Domenico só pro mané dar aquele piruzinho minúsculo e ridículo pra elas chuparem?<br /><br />( ) - Do Ruan que escolheu na loja de materiais de construção o tamanho da tampa da privada que é pequena pra bunda do Gordo? Do derrame que invalidou Dona Almerinda durante a cirurgia? Da Ticiane que brigou feio com o irmão, o Marcelo, antes de ele morrer afogado cheio de maconha no quengo? Da esposa, só três anos de casada, e já finge orgasmo quando transa com o Fábio, seu marido? Do Padre Valmir que na motoca nova, em alta velocidade de propósito, jogou-se de frente no muro da igreja? Do Ricardo, brigado com a Daniela há três meses sem transar, pau na mão cheio de porra, humilhado pelo flagra sentado no vaso satinário, pede desculpa Mônica, minha filhinha? Do médico que mesmo percebendo a reação da paciente continuou tocando-a até ela ficar excitada e transarem ali mesmo, loucamente, no consultório? Do velhinho impotente que só de olhar pras pernas grossas da enfermeira crioulona, a Catarina, se cagava todo de vergonha do pintinho murcho? Do Valmir que espancou o Redson na repartição sem pensar antes que eles eram amigos de infância e poderiam continuar sendo pra sempre? Do Juliano que, mesmo depois de já ter tomado Amplictil, Carbolim, Carbolitium,Carbolitium Cr, Clorpromaz, Clorpromazina e Dogmatil 200 Mg., continuava conversando com seus amigos imaginários pro desespero da sua família? Da Larissa que deixou todas aquelas fotos íntimas pra revelar no Fotoshow e agora fica recebendo telefonemas anônimos? Da Dona Almerinda que, cada vez mais insatisfeita com a vida, recusava-se ao tratamento?<br /><br />[A]- 1,4,2,3,5<br />[B]- 2,4,5,3,3<br />[C]- 3,4,1,1,5<br />[D]- 4,5,4,3,5<br />[E]- 4,1,5,3,2<br />[G] – N.R.A</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-82478821215287388052010-09-16T01:14:00.001-07:002010-09-16T01:14:56.280-07:00SONHO<div align="justify"><br />INGREDIENTES:<br />04 XÍCARAS DE CHÁ DE FARINHA DE TRIGO<br />½ XÍCARA DE CHÁ DE AÇÚCAR<br />½ XÍCARA DE CHÁ DE MANTEIGA<br />01 COLHER DE CAFÉ DE SAL<br />03 OVOS<br />02 COLHERES DE SOPA DE FERMENTO<br />½ XÍCARA DE CHÁ DE ÁGUA<br />03 GOTAS DE ESSÊNCIA DE BAUNILHA<br />INGREDIENTES DO RECHEIO<br />½ LITRO DE LEITE<br />02 XÍCARAS DE CHÁ DE AÇÚCAR<br />03 COLHERES DE SOPA DE FARINHA DE TRIGO<br />04 GEMAS<br />ESSÊNCIA DE BAUNILHA<br />MODO DE FAZER<br />EM UM BOWL, FAÇA UMA ESPONJA COM ½ XÍCARA DE CHÁ DE FARINHA DE TRIGO, O FERMENTO E UM POUCO DE ÁGUA. DEIXE DESCANSAR 15 MINUTOS. DEPOIS, ADICIONE O RESTANTE DOS INGREDIENTES E FAÇA UMA MASSA BEM MACIA. ESPERE 10 MINUTOS ATÉ CRESCER. FAÇA BOLINHAS E COLOQUE EM UMA ASSADEIRA UNTADA. ESPERE CRESCER ATÉ DOBRAR DE TAMANHO E FRITE-OS EM ÓLEO NÃO MUITO QUENTE.<br />RECHEIO: EM UMA PANELA, COLOQUE A METADE DO AÇÚCAR E O LEITE. MEXE BEM E LEVE PARA FERVER. QUANDO ESTIVER FERVENDO, ADICIONE O RESTANTE DO AÇÚCAR, MISTURANDO-O COM A FARINHA DE TRIGO. MEXA BEM. ACRESCENTE AS GEMAS DE OVOS E A BAUNILHA, MISTURE BEM. DEIXE FERVER. RETIRE DO FOGO, DEIXE ESFRIAR E RECHEIE.</div><div align="justify"><br />-Acorda, ô filho da puta! Abre espaço que a cela tá lotada. Agora é a minha vez de deitar. Quem mandou matar a porra do dono da padaria!</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-13014712454760752972010-09-16T01:05:00.001-07:002010-09-16T01:05:55.695-07:00AZARAR<div align="justify"><br />Lapa. Rua do Lavradio. Três e meia da manhã. Noite fria e chuvosa. Lotado o bar. Na mesa de bilhar, Ivanir, mulher-macho, sinuqueira das antigas, às gargalhadas, dá um cara-de-gato no Heraldo que, com a derrota atravessada na garganta, pega o copo, sai da mesa pensa no ditado ao avesso “ Azar no jogo, sorte no amor”, e parte pro meio do bar bêbado balbuciando: “Quero é fuder!”. Ao lado olha a loira curvilínea, peitões explodindo no decote, cabelos lisos até os ombros,cintura fina,a penugem de pelinhos-pêssego descendo até o rego da bunda. Bunda? Bundão-raimunda! “Crescei-vos e multiplicai-vos”, suspende o copo Heraldo, olhando torto pro bundão-raimunda. Raimunda é nome de mulher feia, deve ser Priscila, ou Patrícia, ou Pâmela o nome da loira, nome de mulher bonita começa sempre com “p”, pensou em voz alta. Ela ouviu e riu. “Olhou pra mim, chego junto! Azar o dela!” As palavras saíram atrapalhadas na voz do bêbado-tímido Heraldo: “A graça?” “Einh?” “A graça!” “ Que graça? Graça de que?”. Heraldão não desiste do da burrinha dona do burrão: “ O nome, caralho!” “Grosso!” “ Grosso não, porra! Recito a bíblia procê então: ““Crescei-vos e multiplicai-vos”. Ela gargalha. Ele pergunta qual é a graça. Rir da bíblia. Ela ri mais ainda. “Qual é a graça, porra?” “ O nome?” “ Não, porra! Qual é a graça de rir do que eu falei?” “Nada! Só achei graça!” “Foda-se! Quero fuder contigo!” “ Direto, einh?” “ Meter nesse rabão gostoso!” Ela ri mais ainda. Heraldo vê que tá no papo. Cata pelo braço, meio que à força, e sai arrastando a loira pela Lapa afora. Não conversam. Ela só ri e ri. Entram no Hotel Mundo Novo.Quarto 206. Tira a roupa da loira. Corpo de atriz pornô. Joga na cama e barbariza.Bêbado mete sem camisinha mesmo. “Crescei-vos e multiplicai-vos”, grita encharcando a buceta de porra. Ela gargalha. “ Não é que tem mesmo mulher que goza rindo?” Deixa pra comer o cobiçado bundão-raimunda por último. E come. Ela rindo. Ele deita ao lado dela. E acende um cigarro. Ela rindo pra caralho. Ele: “Qual é a graça?”<br />-Paulo.</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-56517152280664599502010-09-16T00:58:00.000-07:002010-09-16T00:59:26.345-07:00ENGODO WE TRUST<div align="justify"><br />Terminou a faculdade de Letras em 1997, Português e Inglês, na UERJ, a muito custo, trabalhando de boy no Centro e estudando à noite. Passou no concurso do Estado. Dava aulas em Belford Roxo e Caxias. Tinha alunos que iam na escola só pra fazer movimento de drogas e ficavam zoando a aula. Desrespeitavam, mandavam ele tomar no cu, tacavam bolinha de papel com cuspe na cara dele. Ganhava uma mixaria que não dava nem pra pagar o aluguel direito. Com a Milena dizendo que tava grávida que a situação ficou pior ainda. Quase foi em cana duas vezes porque a pensão atrasou. Começou a dar aulas particulares de Inglês na Zona Sul. Mesmo assim vivia na pindaíba, morando numa quitinete no Cosme Velho. Depois que separou da Milena, era ligação quase toda semana pra encher o saco: remédio pro Carlinho, roupa, dinheiro pra passeio, pra material escolar. Um inferno.<br /> Quando o Ranieri ligou dizendo que tava partindo pros States ele teve novas esperanças. Trampar no exterior, fosse no que fosse, iria ser muito mais vantajoso. Assim que o Ranieri ligou de Branford dizendo que tava ganhando mais de dois mil dólares por mês ele tomou a iniciativa. Tirou passaporte. Falsificou até contracheque e carteira profissional. Arriscou. Podia ir até preso por isso, mas tinha que arriscar. Na entrevista do consulado disse pro vice-consul que era professor do Pedro II, em inglês mesmo pra tirar onda, e que iria pro Estado de Connecticut à passeio. Conseguiu a tão almejada autorização. Vendeu a CB 400. Pediu uma grana emprestada pra mãe. States, lá vou eu! Gritava enquanto fazia as malas. Não avisou nada pra Milena. É claro que ela iria botar areia.Viajou.<br /> O primeiro trampo que o Ranieri conseguiu pra ele foi de garçom num restaurante, em Branford mesmo. Trabalhador clandestino, é claro. O gerente todo dia o discriminando, chamava de macaco, de brasileiro sujo, de chicano. Ficou de saco cheio, pediu conta. Serviço não era difícil de achar, mas só sub-emprego. Sujeitou-se a condições de trabalho humilhantes e degradantes. Limpador de fossa, carregador de caixas, lavou bunda branca de velhos num asilo em Danbury. Na cidade de <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-hartford.htm" target="_blank">Hartford</a> trampava de dia numa espécie de IML limpando defunto e à noite numa delegacia fazendo faxina nas celas dos presos. Trampo asqueroso. Rodou quase todo o estado pegando tudo quanto era tipo de serviço e fugindo da Imigração. Passou um ano nesse sufoco. A grana era boa mas os gastos eram altos também. Não conseguiu fazer um pé-de-meia. Começou a ficar desesperado. A situação tava pior que no Brasil. Pensou em desistir.<br />Tava num ônibus indo de Bristol para Branford, lendo o livro Lucia McCartney do Rubem Fonseca quando, não tendo nada pra fazer na viagem, pegou o conto Zoom e traduziu do português para o inglês. Era bom nisso.<br />Chegando em Branford teve uma idéia talvez o tirasse da lama: foi na cara-de-pau na redação do Westport News, apresentou-se para o chefe de redação como jornalista autodidata. Inventou uma mentira de que era brasileiro fazendo uma pesquisa sobre o jornalismo gonzo norte-americano e apresentou o conto traduzido como se fosse seu, perguntando se os interessaria publicá-lo. O redator leu e adorou-o. Adiantou seiscentos dólares na mão. Seiscentos dólares! Precisaria de lavar muita bunda de velho pra conseguir essa grana. Moleza! Ficou entusiasmado com a idéia. Ligou para o redator e disse que tinha outros contos e crônicas para enviar. O redator, além de concordar em publicar, deu o endereço de outros jornais para que ele oferecesse seu excelente trabalho.<br /> Pegou todos os livros de contos e crônicas de escritores brasileiros que tinha levado pros States e começou a traduzi-los, manhã, tarde e noite. Ligou pra mãe e pediu que ela enviasse pelo correio mais alguns livros. Verteu para o inglês mais de duzentas crônicas e cento e trinta contos em menos de um mês.<br /> Passava quase que todo o tempo em casa, só traduzindo e traduzindo. E vendia para os jornais. Sua renda chegou a quase quinze mil dólares semanais. Sua obra estava sendo tão bem recebida que conseguiu publicação em quase todos os jornais da região. Mandou, nesse esquema de tradução, várias crônicas e contos de autores brasileiros para uma porrada de periódicos. Mantinha uma certa regularidade de autor por jornal: <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Carlos_Drummond_de_Andrade" target="_blank">Carlos </a><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Carlos_Drummond_de_Andrade" target="_blank">Drummond de Andrade</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.norwalkcitizen-news.com" target="_blank">The Norwalk Citizen-News</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Nelson_Rodrigues" target="_blank">Nelson Rodrigues</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.dariennews-review.com" target="_blank">The Darien News-Review</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Rubem_Alves" target="_blank">Rubem Alves</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.westport-news.com" target="_blank">Westport News</a>, Rubem Fonseca para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://voice.conncoll.edu/" target="_blank">The Connecticut College Voice</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Heitor_Cony" target="_blank">Carlos Heitor Cony</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.connpost.com" target="_blank">Connecticut Post</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Fernando_Verissimo" target="_blank">Luis Fernando Verissimo</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.ctnow.com" target="_blank">Hartford Courant</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcos_Rey" target="_blank">Marcos Rey</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.record-journal.com" target="_blank">Meriden Record Journal</a>, Clarice Lispector para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.zwire.com/site/news.cfm?brd=1342" target="_blank">Amity Observer</a>, Otto Lara Resende para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.newstimes.com" target="_blank">The News-Times</a>, Sérgio Sant’Anna para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.fairfieldcitizen-news.com" target="_blank">The Fairfield Citizen-News</a>, Murilo Rubião para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.greenwichtime.com" target="_blank">Greenwich Time</a>, Moacyr Scliar para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.shorepublishing.com" target="_blank">Guilford Courier</a>, José J. Veiga para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.wesleyan.edu/argus/" target="_blank">The Wesleyan Argus</a>, Millôr Fernandes para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.zwire.com/site/news.asp?brd=1281" target="_blank">The New Haven Register</a>, Luiz Vilela para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.yaleherald.com" target="_blank">The Yale Herald</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Machado_de_Assis" target="_blank">Machado de Assis</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.yaledailynews.com" target="_blank">Yale Daily News</a>, Lygia Fagundes Telles para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.theday.com" target="_blank">New London Day</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_Prata" target="_blank">Mário Prata</a> para o <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.thebee.com" target="_blank">Newtown Bee</a>, e Fernando Sabino, que achava mais fácil de traduzir para os jornais <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.norwichbulletin.com" target="_blank">Norwich Bulletin</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.rep-am.com" target="_blank">Waterbury Republican-American</a> e <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.thechronicle.com" target="_blank">The Chronicle</a>. Tudo como se fosse de sua própria autoria, é claro.<br /> Começou a ministrar palestras em universidades. Ficavam impressionados com a sua “versatilidade de estilos e vozes completamente díspares”. Propuseram publicação em livro. Entrevistas freqüentes. Comia nos melhores restaurantes. Ranieri largara o serviço de garçon e tornou-se seu agente literário, ficava fazendo contatos. Ficou, então, muito conhecido no meio literário e jornalístico em quase todas as cidades do estado: <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-bridgeport.htm" target="_blank">Bridgeport</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-woodbury.htm" target="_blank">Woodbury</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-new-haven.htm" target="_blank">New Haven</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-fairfield.htm" target="_blank">Fairfield</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-meriden.htm" target="_blank">Meriden</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-middletown.htm" target="_blank">Middletown</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-norwalk.htm" target="_blank">Norwalk</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-manchester.htm" target="_blank">Manchester</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-southington.htm" target="_blank">Southington</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-waterbury.htm" target="_blank">Waterbury</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-bristol.htm" target="_blank">Bristol</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-danbury.htm" target="_blank">Danbury</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-newtown.htm" target="_blank">Newtown</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-darien.htm" target="_blank">Darien</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-greenwich.htm" target="_blank">Greenwich</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-hartford.htm" target="_blank">Hartford</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-guilford.htm" target="_blank">Guilford</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-middletown.htm" target="_blank">Middletown</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-willimantic.htm" target="_blank">Willimantic</a>, <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-stamford.htm" target="_blank">Stamford</a> e principalmente em <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-norwich.htm" target="_blank">Norwich</a>.<br /> Até que numa fatídica entrevista, marcada às sete da manhã, o jornalista Michael Thompson do <a href="http://jornais.prensamundo.com/ver.php?url=http://www.zwire.com/site/news.asp?brd=985" target="_blank">Journal Inquirer</a> de <a href="http://jornais.prensamundo.com/c-estados-unidos-jornais-manchester.htm" target="_blank">Manchester</a>, o desmascarara. Disse pra ele que havia pesquisado e descoberto toda a mentira. Contou que já tinha até o título da denúncia, trocadilhando pra chamada de capa, ironicamente, em português-inglês: Engodo We Trust.<br />Não tinha jeito, disse Michael num tom implacável, a notícia da farsa literária já estava pronta pra sair na publicação do dia seguinte: 12 de setembro de 2001.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-67333066697081798452010-09-16T00:54:00.000-07:002010-09-16T00:55:36.374-07:00O SENTIDO DA VIDATudo mudou numa fração de segundos:<br /><br />- Ademar! Olha a curva!<br /><br />CRASH!!A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-74744686774295105852010-09-16T00:53:00.000-07:002010-09-16T00:54:01.314-07:00BARULHÃO GOSTOSO<div align="justify"><br />Maria Mijona fedia. Tinha esse apelido de Maria Mijona porque fedia a mijo. Mijava na roupa, mijava no papelão que dormia. Fedia mijo no cabelo, no braço, nas micoses do pescoço, na barriga branca inchada de lombriga, nos dentes cariados, no calcanhar sujo de graxa e terra, na roupa puída, nas pernas, na pererequinha.<br /> - Maria Mijona, cê fede a mijo sua suja! – dizia a mãe dela.<br /> A mãe da Maria Mijona não fedia, mas fodia. Fodia com os caminhoneiros enquanto a Maria Mijona dormia embaixo das rodas do Mercedes dois-eixos. A mãe da Maria Mijona dormia num cubículo sujo, perto do pátio dos caminhoneiros, atrás da borracharia Golden Shower . A Maria Mijona adorava ficar na borracharia conversando com o Seu Orlando, o borracheiro dono da borracharia. Ele que disse que a pererequinha dela fedia a mijo. E depois desse dia que ele descobriu que a pererequinha dela fedia a mijo, ele deu um filhotinho pequenininho de cachorro, bonitinho, pra Maria Mijona. Ela adorava brincar com o cachorrinho. Não gostava era de dormir no papelão fedendo a mijo, dentro do quartinho atrás da borracharia. Odiava quando a sua mãe ia fazer xixi de madrugada perto dos pneus dos caminhões estacionados ao lado da borracharia e ouvia o barulho do xixi saído de dentro da mãe dela. A mãe dela mijava alto. E a Maria Mijona tapava o ouvido pra não escutar o barulho. Ela acordou uma vez e viu uns caminhoneiros escondidos vendo a mãe dela mijar o jato e ouviu eles chegando pra cima dela.<br /> - Faz o barulhão! Faz o barulhão gostoso aê, faz!<br /> E viu que eles gostavam de ficar ouvindo o barulho. O barulho alto, jorro forte, grosso, líquido amarelo escuro furando a terra seca.<br /> -Putamerda, feito mijo saído das beiça da buceta de uma égua arrombada! - disse um dos caminhoneiros.<br /> E a Maria Mijona ficava com vergonha porque a mãe dela era mais mijona do que ela e deve ter sido a mãe dela que ensinou ela a ser mijona assim, pensou.<br /> - Parece a bixiga de uma porca no cio!<br /> E a Maria Mijona ouvindo aquilo riu e lembrou que a mãe dela não tinha mais bexiga, porque no mês passado a mãe dela tava mijando na roda do caminhão e a Maria Mijona tava com o ouvido tampado como sempre, mas mesmo assim escutou o grito da mãe e correu pra lá e viu a mãe caída no chão toda ensangüentada apontando pro canto e dizendo:<br /> - Não olha pra lá Maria, não olha pra lá!<br /> E a Maria Olhou e viu um troço vermelho estranho e perguntou mãe o que é aquilo e a mãe dela disse que era a bixiga e desmaiou e a Maria Mijona foi lá e viu que era uma bola de carne e fez xixi em cima da tal bixiga da mãe dela pra limpar viu que a bixiga da mãe dela tinha braço e perna e cabelo e pererequinha também e disse que coisa esquisita e pegou a bixiga e deu a bixiga pros cachorros do Seu Orlando comer. E brigaram pra comer tudinho. Não sobrou nada da maldita bixiga.<br /> - A bixiga desgraçada que fazia a minha mãe fazer aquele aquele barulho todo quando tava fazendo xixi! - comemorou a Maria Mijona.<br /> Mas não adiantou porque a mãe dela continuou mijando pros caminhoneiros.<br /> E ela odiava quando o Seu Orlando chamava os caminhoneiros pra verem a mãe dela mijar. Juntavam em volta dela e gritavam Bucetuda! Arreganhada! Buçanha arrombada!, e jogavam dinheiro perto da mãe dela pra ela mijar mais e davam dinheiro também pro Seu Orlando.<br /><br />- Faz o barulhão aê ô vadia ! Barulhão! Mija vaca! Barulhão! – gritavam em coro.<br /> E a Maria Mijona não gostava de ver nem ouvir aquilo e ia brincar com o cachorrinho na borracharia do Seu Orlando. E teve um dia que o Seu Orlando disse olha só que maneiro Maria Mijona. E pegou umas lascas dum troço e disse que era carbureto e colocou no chão e tirou o negócio dele pra fora e fez xixi em cima e começou a pegar fogo, fogo mesmo, de verdade. É mágica, ele disse, é o líquido mágico que sai de dentro de mim e foi lá dentro da borracharia e pegou umas revista que tinham umas fotos de gente adulta fazendo xixi uma em cima da outra e o Seu Orlando disse pra ela que essas pessoas eram especiais porque o xixi delas também era mágico e perguntou se ela queria ficar com o xixi mágico também. Ela disse, sim, sim, eu quero ficar com o xixi mágico e quero que a minha mãe fica também, quero que o xixi mágico faz a minha mãe fazer barulhinho fininho igual a mim quando eu faço xixi, mas o Seu Orlando disse que só ia ensinar pra ela e pra mais ninguém, é pegar ou largar, e ela aceitou assim mesmo e ele pegou e botou o negócio dele pra fora de novo e disse fica quietinha e fez xixi no cabelo dela, nos braços dela, nas micoses do pescoço dela, na barriga branca inchada de lombriga dela, nos dentes cariados dela, no calcanhar sujo de graxa e terra dela, na roupa puída dela, nas pernas dela, na pererequinha dela.<br />- É quentinho! - ela disse do banho de xixi.<br />E depois que ele fez esse xixi todo ele disse olha só e pegou um pouco da lasca do tal carbureto e colocou num pedaço de pão e deu pro cachorrinho dela comer e ele comeu tudinho e , sem mais nem menos, o cachorrinho começou na correr gritando feito um louco e o Seu Orlando colocou uma caneca dágua na frente do cachorrinho e ele começou a lamber a água toda e de repente...ta ta ta ta....surgiu um rombo na barriga do cachorrinho. Tripa caindo, fedendo muito, muito mesmo, uma fumaça que saiu das tripa do cachorro. E aí o Seu Orlando falou olha só e mandou ela abaixar a calcinha e levantar a saia e fazer xixi em cima do cachorrinho. Fecha o olho, fecha o olho e faz xixi, faz xixi, isso, faz xixi,e ela fez e ele mandou abrir o olho, quando ela abriu o olho e olhou pra baixo, o cachorrinho tava vivinho da silva sem o buraco na barriga e tava até um pouquinho maior e com o pêlo um pouco diferente e o Seu Orlando disse que ele tornou o xixi dela mágico quando ele fez xixi nela e o xixi fez o cachorro renascer e até ficar maior um pouco, disse o Seu Orlando. Meu xixi te deu poder e como eu já sou poderoso à beça, cê viu, vou ficar mais poderoso ainda. Quer ver? Quero. Quero. Então olha só: agora faz xixi na minha cabeça preu ficar mais forte. Como assim? Abre as pernas que eu vou botar a cabeça embaixo da sua pererequinha e você faz muito xixi na minha cabeça. Muito, mas muito mesmo, tá? Faz força pra sair bastante xixi, tá? E ele deitou embaixo dela e ela fez a xixizada toda como ele pediu. Molhou o cabelo todinho. Até beber, ele bebeu o xixi mágico. E de repente ele levantou com a cara toda molhada de xixi e deu um pulo feliz dizendo que era o super-homem, sou o super-homem, sou o super-homem, e pegou um pneu de caminhão grandão e levantou no alto e a Maria Mijona riu pra caramba do Seu Orlando agora fortão com o xixi mágico dela.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-69877500572024930032010-09-16T00:52:00.001-07:002010-09-16T00:52:50.034-07:00APAE<div align="justify"><br />- Eu cá sei, eu cá sei! Fazem-se bebés quando o homem põe a pilinha no pipi da mulher e depois sai uma coisa e os bebés ficam feitos. É assim, não é?<br />As vozes sobrepõem-se na aula de educação sexual. Há guinchos e gargalhadas e batidas na mesa. Os temas debatidos provocam excitação. Marta recém contratada pela instituição, percebe que Tião está eufórico. Ele fica de pé e todos vêem que seu pênis, sem a proteção da cueca que ele nunca usa, totalmente ereto, forma uma protuberância gigantesca na calça de moleton. Todos os outros apontam riem e debocham:<br />-Caraiudo! Caraiudo! Pinto duro!<br />Marta tenta apaziguar o alvoroço. Olha espantada a calça do rapaz e, antes de mandá-lo sentar, percebe-se estática, hipnotizada, imaginando pelo volume o tamanho do cacetão do deficiente mental. Fica imediatamente excitada.<br />- Silêncio gente! Senta Tião!<br />-Eu quero fazer sexo. E até já fiz montes de vezes com imensos homens!, grita Aninha, provocando as gargalhadas dos outros.<br />- Calma! Vamos lá! Quem é que sabe o que é uma relação sexual?, interrompe Marta, constrangida com a exaltação que a temática provoca sempre.<br />Fim da sessão. Marta exausta vai pra sala dos professores. Dona Mirtes ,uma portuguesona linha-dura, funcionária há mais de 27 anos olha-a com pena:<br />-Força Marta. Força. Eu já trabalhei com isso. Ainda há muito mal-estar, mesmo por parte dos técnicos que trabalham todos os dias com os deficientes. Às vezes vinham ter comigo muito perturbados: 'Ai fulano está ali a masturbar-se, que horror!' Mas que horror porquê?" eu dizia. Você tem que saber que é essencial ensiná-los a explorar o corpo em privado mas também sabe que nem todos têm a capacidade para aprender: E nesses casos, a questão é simples: a quem é que aquilo está a incomodar? É a quem vê, não é? Então talvez o deficiente possa continuar o que está a fazer, e quem estiver incomodado que abandone a sala.<br />Marta continuou ouvindo:- Já vi de tudo. Desde funcionárias que batiam nos deficientes que estavam em práticas masturbatórias, às que lhes chamavam porcos, 'tira daí a mão, que grande porcaria', até à situação contrária, técnicas que os estimulavam com revistas pornográficas, para satisfazerem as suas tendências voyeuristas. Um nojo!<br />Enquanto a velha falava, Marta não parava de pensar na cena do Tião. Sentiu-se molhada. A vagina latejava. Olhava pra Dona Mirtes e fazia que sim com a cabeça enquando ela falava pelos cotovelos:<br />- Se há quem os considere assexuados, há quem pense o oposto, que eles só pensam nisso, de uma forma quase animalesca. As duas opiniões estão erradas porque, no que diz respeito à sexualidade, eles são exactamente como todas as outras pessoas. Você sabia Marta, que na Holanda, há técnicos que ensinam os utentes a masturbar-se e até há técnicos que masturbam os deficientes profundos, incapazes de o fazer sozinhos? No nosso país não há profissionais que o façam. Haverá alguns, mas escondidos no segredo dos deuses. Sinceramente, eu acho que a razão para tanto secretismo prende-se sobretudo com aquilo que os outros possam pensar, não é? Um técnico que tenha o à-vontade para o fazer tem sempre medo dos julgamentos dos colegas ou de quem possa vir a saber. Mas os receios não se esgotam aí, menina. Alguns técnicos perguntavam-me: e depois se eles se habituam? Todas estas questões também têm muito que ver com a nossa educação judaico-cristã...<br />Marta não agüentava mais a falação. Pediu licença e, sem ao menos esperar a resposta, saiu deixando a velha falando sozinha.<br />Antes de pegar o corredor da saída teve um momento de loucura. Deu meia-volta, dirigiu-se ao quarto de Tião e vendo-o sozinho deitado na cama entrou e trancou a porta por dentro.<br />- Oi Dona Fessora!<br />Marta olha para aquele deficiente com idade mental de menos de 6 anos, sente pena. Nojo. Raiva. Tem vontade de espancar aquele branquelão gordo, sebento, débil. Como pode um merda desses deixá-la tão excitada? Vira em direção à porta e antes de sair olha pra trás. Tião está deitado olhando pra sua bunda. A protuberância de novo na surrada e fedorenta calça de moleton. Marta sente sua buceta latejando, fica tonta, parte pra cima do rapaz e dá-lhe um soco no meio da cara:<br />- Tira a calça seu de retardado de merda!<br />Tião tira a calça e a camisa e as meias. Fica totalmente nu. O membro enorme apontando pra cima, culhões roxoss. Cheiro de porra seca e bunda mal lavada. Marta nunca tinha visto um pau tão grande. Tira a sandália, bota o pé esquerdo todo sujo na boca do rapaz e grita:<br />- Lambe seu porco! Lambe meu pé seu mongolóide imundo!<br />Tião obedecendo à professora começa a lamber com força. Marta enfia o pé até a metade da sua garganta e com força empurra a cabeça até o chão. Apóia todo o peso da sua perna esquerda na boca de Tião. Ele ameaça golfar. Ela levanta a saia, chega a calcinha pro lado e , ainda com o pé dentro da boca do deficiente, agacha-se e numa só encaixada sente o enorme pênis entrando todo na sua vagina. Goza na terceira cavalgada. Tira o pé todo molhado de baba da boca do demente, levanta-se, recompõe-se e fica de pé. Olha pro Tião deitado de bruços vomitando. Sai do quarto. Ainda é tarde. No pátio a corriqueira gritaria dos internos. Vai pra casa. Vai direto pro chuveiro, toma um banho demorado. Ao sair beija o marido na sala e, antes de ir para a cama exausta, passa no quarto do filho com Síndrome de Down e dá-lhe um beijo carinhoso na testa.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-10543672786241837062010-09-16T00:50:00.000-07:002010-09-16T00:51:26.426-07:00A Clockwork Orange Sul-fluminense<div align="justify"><br />23/10/2008 - da sucursal por Iolanda GreyckEm 1985, na novela Ti Ti Ti ( aquela dos costureiros Victor Valentin e Jacques Léclair) a personagem Eduarda ( Betty Gofman) vira punk / dark e entra para uma gangue, a Turma da Lazinha. Nessa gangue todo mundo era meio punk, meio dark e ninguém tomava banho.Uma inocente e pueril novela da Rede Globo.Enquanto isso, um grupo de rapazes, autodenominados também de “Turma da Lazinha” , saía às ruas da pacata cidade de Barra do Piraí, interior do Estado do Rio de Janeiro, com um único propósito: arrumar briga.Pancadarias, linchamentos, dilacerações, fichas na polícia, prisões, hospitalizações e até mortes marcaram as ações dessa gangue nada Global ou inocente.Quem é morador dessa cidadezinha e tem hoje, passados mais de 20 anos, idade acima de 50, 55 anos vai, provavelmente, dizer;“Nunca houve uma gangue aqui assim! Como é que aconteceu na minha cidade e eu não fiquei sabendo?”Ledo engano!A temível Turma da Lazinha existiu sim e aterrorizou quem na época tinha idade entre 15 e 25 anos: a garotada que saía da escola, os freqüentadores do Waldo Dicotheque, do bar calçadão, do extinto Cine Brasília.De posse dessas preciosas informações, a jornalista carioca Maria Lucia Camargo passou três meses nesta cidade com o propósito de investigar minunciosamente as ações desse nefasto grupo. Foram colhidos vários depoimentos dos envolvidos e entrevistas com os parentes dos, então, delinqüentes. Todas essas informações acabaram dando origem ao livro “Lazinha: quando a barra era pesada – histórias de violência e pancadaria de uma gangue que aterrorizou a pacata cidade de Barra do Piraí nos anos 80”. Ao ler o livro, bastante investigativo e impactante, ficamos imediatamente estarrecidos com o poder brutal dessa gangue do interior do Rio de Janeiro . Maria Lucia Camargo nos deixa tensos durante toda a leitura. Relatos de policiais civis e militares envolvidos, registros na polícia, registros nos hospitais, recortes de jornais da época, entrevistas com os ex-membros da gangue e com os pais e mães dos delinqüentes, costurados pela escrita fluida e intensa da autora, resultam num primoroso livro onde a investigação sobre a violência juvenil é o mote principal.Alguns depoimentos, como os de “Toninho”, ex-membro de uma gangue rival, a “Turma do Chalet”, nos faz ter idéia do tom do livro:“ O bicho pegava mermão! Nessa época bicho pegava feio! Era trinta contra trinta. Quando a galera do Chalet batia de frente com a da Lazinha, o tempo fechava. Só tô vivo hoje, com meus 42 anos, porque dei sorte quando a Lazinha me pegou de porrada. Me detonaram de cacete mas acharam que eu tava morto e me deixaram caído estatelado no chão. Tomei chute de botina de biqueira de aço na cara, chute no saco, paulada na costela, jogavam cachaça nas feridas que iam abrindo no meu rosto e doía mais ainda.Tive meu pé esquerdo quebrado por um paralelepípedo jogado de quina no meu tornozelo. Fiquei detonado. To aleijado até hoje. Os caras eram cruéis. Cruéis mesmo. Quem tivesse no caminho deles ia se dar mal, como eu me dei.”“Russo”, no capítulo “Vítimas do Ódio”, relata que:“ Porra! Os caras baixavam o pau a troco de nada! Apanhei, só porque eu tinha uma namorada no bairro que eles se reuniam. Numa noite, vindo da casa dela, dei de cara com a galera da Lazinha. Dei mole. Ao invés de dar meia volta, continuei andando na direção deles e , naquela de não querer botar a viola no saco, entrei numa de bater boca e, ironia do trocadilho, bateram muito, muito mesmo, na minha boca. Socaram uma barra de ferro bem no meio dos meus dentes. Quebrou todos os da frente na hora. E continuaram batendo: pisão na cabeça, pontapé na costela e o caralho. Me viraram do avesso.”No capítulo “Iniciação”, o ex-membro e um dos fundadores da Lazinha, Sérgio ( nome fictício), hoje um respeitado pai de família de 44 anos, dá em mínimos detalhes preciosas informações sobre o ritual de iniciação aos que quisessem, na época, entrar para a gangue:“ Não era mole não. Tinha que ter disposição pra passar no teste de iniciação e ser aceito na Lazinha. Assim que o camarada se apresentava dizendo que queria participar do grupo a gente o levava pro QG e começava o que a gente chamava de “A sabatina”. A gente metia no talo um Black Sabbath no toca-fitas, pra abafar os gritos, e tocava a porrada no calouro: surra de toalha molhada, telefone, corredor polonês, afogamento, cigarro aceso na língua e, com a língua queimada de cigarro, o camarada tinha que limpar os nossos pisantes, A gente escarrava, aquele escarro verde fedorento no nosso tênis e o calouro tinha que lamber tênis por tênis sujo de bosta de cachorro, catarro e lama. Se passasse por isso, tava no grupo. Motivo? A gente não tinha motivo nenhum. Era a porrada pela porrada. A gente também não tinha fins lucrativos nenhum, não éramos racistas nem anti-racistas, éramos democráticos: baixávamos a porrada em todo mundo, sem distinção de credo, cor, classe social ou partido político. Nossa idéia era botar moral mesmo. Sermos respeitados pela região. E éramos. Nós contabilizamos, na época, que cada um de nós comia mais ou menos umas dez mulheres diferentes por semana. As menininhas ficavam em cima. Era status ser comida por um de nós. E comíamos, é claro. Às vezes umas mais doidas entravam numa de serem comidas por todos. E a gente topava. Se tinha consentimento, a gente topava. Porque estupro nunca rolou não. E essas minas mais ninfomaníacas saíam de lá toda arregaçada e felizes da vida com mais de vinte pirus passados pela buceta e pelo cu. Coisa de doido, né? De doida, melhor dizendo.”No depoimento de outro ex-membro, o Tuca ( nome fictício), a relação da gangue com as drogas é descrita em detalhes:“ Não tinha esse lance de droga pesada não. Só um bagulhinho e uma brizolinha de vez em quando. Ahh.. brizola era o nome que se dava na época pra cocaína. Tinham uns que cheiravam lança perfume e loló, mas não era a minha não, me dava uma puta dor de cabeça. Birita a rapaziava biritava direto, era cinco, dez litros de pinga numa noite só. A gente bebia e saía pra night pra tocar horror. E treta com a polícia rolou algumas vezes, mas nada sério não. Se eu te falar que tinha até meganha na Lazinha, cê não ia acreditar. Na boa. Policial que, nas horas vagas, gostava de uma diversão. Tinha neguinho de tudo quanto era idade e classe social: crioulo do morro misturado com playboy que se misturava com moleque adolescente e com a galera mais cascuda de 25, trinta anos, com trabalhador. Mistureba geral. E doideira geral. E porrada geral.(...)”Quer saber mais ? bateu uma fome de conhecer o livro? Semana que vem já está nas livrarias o magnífico livro “Lazinha: quando a barra era pesada – histórias de violência e pancadaria de uma gangue que aterrorizou a pacata cidade de Barra do Piraí nos anos 80.”Tem que ter estômago. E estômago forte, permanentemente embrulhado pelas minunciosas histórias de extrema violência, nessa espécie de Laranja Mecânica Tupiniquim.Porrada. Uma porrada na boca ( do estômago).</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-48912210206373718262010-09-16T00:44:00.000-07:002010-09-16T01:17:06.276-07:00NANOVELAS<a href="http://www.twitter.com/alexandrecgomes">www.twitter.com/alexandrecgomes</a><a href="http://www.twitter.com/alexandrecgomes"> </a><br /><br /><a href="http://twitter.com/edsonaran?max_id=6219651959&page=2&twttr=true">http://twitter.com/edsonaran?max_id=6219651959&page=2&twttr=true</a><br /><br /> <br />#FollowFriday: @alexandrecgomes. Ele faz nanonovelas no Twitter. Isso é que bom uso para o meio, feito dizia a mocinha que descobriu o sexo. 3:24 AM Oct 2nd from web<br /><br />###<br /><br />Até os 23,só na bronha,nunca tinha visto uma buceta. Na primeira vez,força do hábito:parou na frente,olhou,e bateu uma punheta.<br /><br />Enquanto os filhos viam na TV a Turma do Lambe-lambe,Tião ficava no quarto lambendo os desenhos das coxudas do Robert Crumb.<br /><br />Darlene pediu o divórcio,coitada. “Foi a última gota!” Não agüentava mais.Hugo mijou de novo na tampa da privada.<br /><br />O sorriso dela na foto?Sob a calcinha da Cléa tava a borboleta massageadora clitorial com vibro e controle remoto.<br /><br />Quando reclamou,Taciane tava completamente certa.Ainda não tinham intimidade pra que o Léo cagasse, assim, de porta aberta.<br /><br />Depois das brigas,entre a cruz e a espada,sofria o Beto.A Paula gritando: Não deixo mais que a megera da tua mãe veja o neto.<br /><br />Edileuza passou anos,virgenzinha,procurando o homem ideal. Perdeu o cabaço,bêbada, para um desconhecido,no baile de carnaval.<br /><br />Flávia conheceu o homem perfeito: carinhoso,meigo e compreensivo. Depois que casou com ele,descobriu: era homossexual passivo.<br /><br />Ajoelhada no oratório,distraiu-se e lembrou da transa com o Osório.A calcinha molhou tanto que pingou uma gota no genuflexório.<br /><br />Pediram exame de DNA pro Alessandro ao doar sangue pro pai, o Seu Abreu. Geruza, a mãe, pensou consigo mesma: Ih! Agora fudeu!<br /><br />No Brunno’s Coiffers, a bicha pra cliente: Menina!Sem baixo-astral! Pra mim, homem é tudo igual, só diferem no tamanho do pau.<br /><br />Recém-separada,Selminha, ao dormir, sentia-se muito sozinha. Comprou um ursão de pelúcia pra poder dormir abraçada de conchinha.<br /><br />João demorava nas preliminares,todo orgulhoso:“Eu sei que agrada!” Dorotéia: “Mas que chatice!Eu gosto é de homem com pegada!”<br /><br />“Quando ele souber,vai ficar pasmo!”O marido não deu a mínima.Ela havia desabafado: “Nesses vinte anos nunca tive um orgasmo!”<br /><br />Tele-taxi-boy.“Uma dupla!” - “Sou louca! O que vai ser de mim depois!?” Quando os viu:“Pra esses daí pago até bandeira-dois!”<br /><br />Diziam:“Ah,coitadinha da Juju,seis filhos,mãe solteira!” Ledo engano:com as pensões dos ex-maridos tinha era uma vida maneira.<br /><br />Igreja fechada, Julia deu pro padre bonitão na noite de natal.Pecado por pecado,ainda teve que lavar a xereca na pia batismal.<br /><br />Matou-a. Pois assim, do Júlio, passou a ser e única fêmea. Maria do Socorro, individualista que era, livrou-se da irmã gêmea.<br /><br />Josefa não se zangava quando o marido olhava a bunda de outra mulher.Ele já tinha explicado:“Meu anjo.É uma doença.Sou voyer!”<br /><br />“Virgem aos 28 anos”.Dizia para o noivo,honrando o voto conjugal.Só não contou que já tinha feito centenas de vezes sexo anal.<br /><br />Mulher de malandro, Maria da Penha apanhava na cara igual uma égua pôtra. Mas dizia: “Só num admito é qui cê espanque ôtra!”<br /><br />Perdeu a virgindade estuprada pelo padrasto,o Fuligem.Ele dormindo, jogou fervendo no ouvido.“Não gosta? Azeite extra-virgem!”A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-46969598558801376292010-09-16T00:36:00.000-07:002010-09-16T00:37:33.209-07:00CABEÇA, TRONCO E MEMBRO<div align="justify"><br />O combinado era esse. Ele não tinha que reclamar. Paraplégico desde que sofreu a lesão na medula espinhal devido ao acidente quando estava limpando o oitão, Francisco sabia que o certo a fazer era isso. E mesmo que não fosse o certo, era a única solução. Tinha combinado com a esposa que seria dessa maneira, sem traumas, sem questionamentos. Até porque, de escrota já bastava a vida financeira dos dois. Fudidos, ela empregada doméstica, salário mínimo, ele ex- segurança de banco, atual assaltante amador. Por isso o oitão. Mas, inexperiente que só ele, nem conseguiu levantar a tal grana pra sair do muquifo que moravam, dois cômodos, dentro de um cortiço asqueroso que dava pra ouvir até o peido do vizinho. Todo dia na mesma hora, começava a peidação. Brincava com a Catarina, sua esposa, que dava até pro pessoal do cortiço combinar horário pelos peidos do cara do 302:<br />“Faltando quinze pra peidação, cê me encontra lá no escadão, beleza?” ou “Peidação e quinze vai passar um filme maneiro na Globo!”<br />E morriam de rir. Fudidos de grana, mas felizes.<br />Até o acidente, a vida sexual deles era perfeita. Sexo todo dia. Todo dia mesmo. Mais por vontade dela do que por dele. Ele que não queria deixar de fazê-la feliz, esforçava-se, até mais do que agüentava, para satisfazê-la ao máximo. Ficava com o membro dolorido. Desconfiava que ela fosse uma espécie de ninfomaníaca. Por ele, a freqüência sexual poderia ser bem menor, umas duas vezes por semana estaria ideal, pensava. Mas todo dia, três gozadas por foda, duas horas de pau dentro acabava tornando, pra ele, a coisa um pouco tortuosa. Mas ele fazia. A amava. Fazia tudo que ela quisesse. E ela queria só sexo, e ele fazia. Sexo animal, sexo bizarro, sexo carinhoso, sexo sado-masô. Sexo de tudo quanto era maneira.<br />E aconteceu o fatídico acidente. Bláááu! Arma carregada sendo limpa, escapole da mão, cai no chão e dispara certeira na coluna cervical. Meses de internação. A notícia caiu como uma bomba na cabeça:“tetraplégico”. Quase entrou em parafuso. Tornara-se, de uma hora pra outra, num inválido, num inútil. Dependia da mulher pra tudo e ela fazia tudo pra ele: banho, barba, higiene, comida na boca, papel higiênico na bunda, pentear cabelo, cortar as unhas, tudo. E ele, por sua vez, não podia fazer nada por ela. Ficara revoltado principalmente pela a sua impossibilidade de satisfazê-la sexualmente. Ainda mais ela, faminta de sexo como sempre fora.<br />Tinha ouvido que para um paraplégico recuperar a vida sexual o principal era trabalhar a cabeça. Que o retorno da função sexual depende de muitos fatores. Depende da extensão da lesão medular, incluindo o nível (cervical, torácico, lombar, sacral) e se a lesão é completa ou incompleta. Também, fatores sociais e psicológicos, assim como a habilidade inter-pessoal do paciente, orientações sexuais, o estado em que encontra-se o casamento e a abordagem psicológica da nova imagem do seu corpo. Trabalhar psicologicamente a auto-imagem. Auto-imagem? Olhar-se no espelho era a última coisa que ele queria fazer.<br />A psicóloga, Drª Mirtes, que o visitava rotineiramente depois do acidente, viera com o papo da “vida sexual alternativa” para os deficientes físicos. Ficava dizendo:<br />- Francisco, você precisa saber que o deficiente físico precisa romper, antes de tudo, com o próprio preconceito e redescobrir que é capaz de seduzir, pois um dos aspectos mais importantes da sexualidade é a sedução. Como se seduz alguém? É como um felino com sua caça, focaliza-se o outro sabendo das fragilidades e potencialidades. Quando se seduz, o que se deseja é uma troca afetiva, mas você precisa saber quais são as suas forças, Francisco. Se alguém acha que não tem força nenhuma, nenhum poder de sedução porque é deficiente, se a cadeira de rodas é um peso enorme, o outro sempre vai vê-lo no papel de amigo. Aí fica difícil para a pessoa que não tem deficiência se envolver. E a sua mulher não é sua amiga, é sua fêmea. Você não concorda Francisco?<br />Ele odiava esse papo. Achava humilhante ouvir isso de uma mulher, ainda que coroa. Ele sabia que era um inútil e aquela comiseração, aquela compaixão, estava fazendo ele se sentir mais merda ainda. Não tava a fim de tentar nenhuma vida sexual alternativa. Estava preocupado com a esposa. Sabia que o que ela queria era ser preenchida por um cacete. Nada de cunnilígus, dedinho mole, carícias. Queria era uma manjuba no meio das pernas.<br />Daí o combinado: ela podia levar quem quisesse pra casa pra trepar. No começo ela relutou, ficou com pena dele, não queria traí-lo. E ele, visando a objetividade, deixara bem claro que a única saída era essa. Ele precisava de alguém que cuidasse do seu tronco inerte e ela de alguém que satisfizesse as necessidades sexuais. Sendo assim, argumentava Francisco, não haveria traição, pois existia consentimento. E se a necessidade dos dois era exclusivamente física, duas regras ficaram estabelecidas. A primeira seria de que ninguém além dela poria as mãos no corpo de Francisco, nem pra limpar nem pra nada. E a segunda seria que quando ela trouxesse homens pra casa, sempre em casa, nunca num motel e não poderia repetir nenhum, criar vínculo com ninguém, apenas sexo. Apenas o pênis que faltava. E combinaram assim.<br />E ela passou a levar tudo quanto era homem pra quitinete. Cada dia um cara diferente. Pretos, brancos, mulatos, japoneses, gordos, magros, engravatados, pés-rapados, tudo quanto era homem que ela via na rua, e que se encantavam por aquele rabão de mulata sargenteli, a Catarina trazia pra casa. Ao entrarem no cafofo estranhavam aquele cara na cadeira-de-rodas ao lado da cama, parado, com cara de estátua, mas logo logo a Catarina os tranqüilizava:<br />- Esquenta não, é meu marido. Aleijado. Não fede nem cheira.<br />- E nem fode! - Respondeu o branquelão gargalhando.<br />E ele ficava quieto. Só olhando. Desse dia em diante ela começou a pegar pesado nas ofensas:<br />- Tá vendo aleijado? Olha pra vagabunda da sua mulher sentando na piroca desse crioulo. Isso é que é homem, não um impotente inútil igual a você!<br />Passaram a ser rotineiras as humilhações. Teve uma vez que um camarada que bêbado tirou à força a calça do Francisco só pra confirmar a impotência. O cachaceiro comendo a Natália de quatro, e gritando pra ele com as calças arriadas:<br />- Porra aleijado, olha pra sua pica e olha pra minha. Cê nunca mais vai conseguir fazer isso, comer o cuzinho da vadiada sua mulher. Tu é um merda mesmo.<br />E o Francisco, resignado, sabia que se essa de ofendê-lo durante as fodas ia deixar a Natália mais feliz, ele aceitaria. Ela estando mais feliz, mais garantia de que ela estaria lá por mais tempo pra cuidar dele, se Deus quisesse, até o final da sua vida.<br />Quase todos os vizinhos do cortiço sabiam do que rolava nas madrugadas na casa do Francisco, principalmente pela barulheira da Natália gemendo. E iam, durante o dia lá pra prestar solidariedade ao corno consentido:<br />- Porra! Aceita isso não rapá! Tu é aleijado mais ainda é homem, bota essa vadia pra fora da sua casa! – disse uma vez o velhinho vizinho do 209.<br />O coroa do apartamento 311, militar reformado, quase todo dia ia falar com o Francisco:<br />- Cê quer que eu dê um corretivo nessa vadia? Eu sei que você está doido pra fazer isso, mas como é cadeirante, não pode. É só você autorizar que eu boto ela daqui pra fora na porrada. Nunca mais ela volta!<br />E ele explicava a situação, mas quase ninguém entendia. Não admitiam essa situação. Ela era uma vadia e pronto! Todo mundo achava isso. E ele tava cagando e andando pro que achavam. Só queria estar de dente escovado, bunda limpa, comidinha na boca, banho tomado, barba feita, lençol lavado e cueca cheirosa. Foda-se o resto. Foda-se o mundo.<br />Até que certo dia, três da tarde, batem na porta da quitinete. Ele sozinho em casa manda entrar. Entram o velhinho do 209, seu Adamastor, e uma moça que fora apresentada como sua filha.<br />- Olá senhor Francisco! Meu nome é Clara. Serei breve. Ontem o meu pai relatou-me da sua situação. Refiro-me à sua situação física. A matrimonial, não me interessa, ainda que meu pai tenha insistido em contar. Mas, voltando ao que eu ia dizer, sou médica especializada em estudos com transplantes de células-tronco e estou desenvolvendo um projeto numa clínica em Bogotá, na Colômbia, desde o mês passado. Esse projeto consiste em reabilitar pessoas que tiveram lesões na medula espinhal. Essa técnica de regeneração medular com células-tronco foi desenvolvida por um neurologista português e consiste na retirada de células da mucosa olfativa do paciente, localizada a um milímetro da massa encefálica. Essas células têm um alto poder de regeneração das conexões perdidas. A pesquisa começou em 2001. E eu comecei a pesquisar nessa época. Desde então, pelo menos 45 pessoas, vítimas de lesão medular, já foram submetidas à técnica, com bons resultados muitos deles recuperaram a sensibilidade perdida nos membros afetados. Alguns até já estão ensaiando um passos sozinhos. E por isso, senhro Francisco, venho aqui: O senhor aceitaria se submeter ao nosso tratamento? Quanto às despesas de passagem, hospedagem e tratamento, pode deixar por conta da clínica. E então, aceita? Só peço que, se aceitar, ninguém, mas ninguém mesmo, pode saber onde o senhor foi e o que foi fazer, nem a sua esposa. E outra coisa: o senhor viajará com um nome falso, ficará anônimo durante todo o tempo do tratamento.<br />Francisco, no mesmo instante separou seus trapos e deixou um bilhete para a Catarina antes de partir:<br />“ Meu amor, te amo. Sei que me ama também. Mas nosso relacionamento não está dando certo. Está faltando amor-próprio. Eu não estou me amando nem você está se amando. Estou partindo. Talvez nos encontremos por aí. Beijos. Francisco.”<br />E Francisco foi. Passou pela tal cirurgia de regeneração medular com células-tronco retiradas da sua própria mucosa olfativa. Sabia que era uma cobaia. Ficou dois meses na clínica de Bogotá. Fez fisioterapia. Tratamento intensivo. Uma equipe só pra ajudá-lo a se reestabelecer. E conseguiu. Depois de seis meses e vinte sete dias ele estava andando de novo. E sentia suas pernas perfeitas. Só tinha um problema: não conseguia ficar de pau duro de jeito nenhum. Tentou. Se esfregou em quase todas as enfermeiras colombianas e nada. Duas delas ficaram ao mesmo tempo lambendo a piroca morta e nada. Ficou desesperado. Deram revistas de sacanagem pra ele ler, passaram filme pornô, e nada. Desistiu. Contentou-se com o fato de pelo menos estar andando novamente. Assinou os documentos que precisavam. Agradeceu a Clara. Pegou o primeiro vôo para o Brasil e foi direto pro muquifo em que morava. Chegou às quatro da tarde, nenhum vizinho o viu chegando. Abriu o quartinho com a chave que ainda tinha. Não tinha ninguém em casa. Catarina estava trabalhando, pensou. Olhou pra velha cadeira de rodas e, só de ironia, sentou-se nela. Ficou lá esperando ansiosamente a esposa. Muito cansado, acabou dormindo. Acordou com a chegada da Catarina acompanhada por um cara mal encarado. Os dois olham para o Francisco. O cara pergunta:<br />- Quem é esse?<br />Catarina, sem conseguir esconder o ar de felicidade;<br />- Esse é o aleijado do meu marido. Um bosta. Um zero à esquerda. Não esquenta não. Vem cá e me come com força pro meu marido ver o que que é um macho na cama!<br />E o pau do Francisco ficou duro na hora.</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-17075157482142043852010-09-16T00:35:00.000-07:002010-09-16T00:36:23.723-07:00FOTINHA DE TUMBA<div align="justify"><br />Apesar de seus quinze anos, era depressivo. Era agressivo e depressivo.<br />A vó que o criara desde os treze, rude na instrução, nunca havia procurado tratamento pro garoto, dizia que era coisa da idade. Mas quem tivesse um pouquinho mais de sensibidade ia perceber que esse ar sorumbático, essa afazia, esse desânimo constante só podiam ser sintomas de depressão. Claro que não era difícil de saber o motivo: perdera o pai pra diabetes aos nove anos e a mãe pro câncer aos treze. Acompanhou todo o sofrimento da mãe, cuidou dela até a morte, ouvia seus gritos de dor e desespero e queria estar no seu lugar. Quando, já prestes a morrer, ela estava na UTI, ele não desgrudava. Ficava com ódio quando os enfermeiros iam limpá-la, limpar suas partes íntimas, limpar as feridas, as escaras que apareciam sobre o delicado dorso de sua mãezinha. Queria ele mesmo fazer isso. Deixaram só uma vez, de tanto que ele insistiu, mas ao cair convulsivamente no choro, impediram que ele continuasse. Enquanto estava ao lado da mãe na UTI, às vezes ia olhar os outros pacientes em tratamento intensivo no quarto. Ficava impressionado como todos, sem exceção, todos, tinham um fétido e nauseabundo mal hálito. Negros, brancos, velhos, bichas, crianças, todos fediam à carniça. Devia ser algo comum em quem tivesse em UTI, pensava. E ficava triste ao perceber que da sua mãezinha é que saia o odor mais forte. Queria passar pasta de dente na sua boca, mas como estava entubada, não dava. E até que, depois de um mês e doze dias de sofrimento, sozinho na sala de espera, recebeu a notícia do médico de que ela havia “dado óbito”. Assim mesmo, na lata, do escroto do médico insensível, que ao terminar de falar “dado óbito” virou as costas, como quem estivesse falando de uma televisão, de um rádio que acabara de perder a utilidade. Ele sozinho na vida, sem um irmão pra compartilhar a dor, com os tios e primos morando em outra cidade e que estavam cagando e andando pra ele, só tendo a vó, a Dona Almerinda, velhinha, viúva, quase caduca que, ironicamente, ele é quem tinha que cuidar, dar banho.<br />Daniel tentava ser um garoto normal, se esforçava, mas na escola ninguém ia com a cara dele. As meninas o chamavam de Frank, associando sua protuberante testa ao sinistro personagem de Mary Shelley . Isso doía mais nele quando saía da boca da Jaciara. Que ele tava a fim, mas que ela, além de não corresponder ao sentimento, só se dirigia a ele como Frank.<br />- Me empresta uma sua régua aê Frank! - e todos na sala riam do deboche da Jaciara.<br />Tentou se matar duas vezes. Tomou todos os remédios da vó de uma vez. Só deu sonolência e caganeira. Na segunda tomou chumbinho, mas não sabia que se tomasse demais, como tomou, não ia morrer. Ficou no hospital, mesma UTI que a mãe ficara, e sobreviveu. Sobreviveu com uma úlcera crônica. Estômago às brasas. Piorava com os dois maços de Free que fumava por dia.<br />Seu único amigo era o Bruno. Conhecera no campinho. Um pivete órfão, largado. perverso, que vivia de pequenos furtos. Mas se divertia, às vezes com o Bruno. Não que ele gostasse das diversões que o Bruno inventava, achava-as até meio coisa de doido, mas como era seu único amigo, sua única ponte de conexão com o mundo, não desgrudava do Bruno. Pegavam escondidos cavalo dos outros no pasto, lá no morrão e, unha na crina, sem sela mesmo, galopavam até o cavalo dobrar as pernas de cansaço. “Surravam” o cavalo ao máximo. Mas em se tratando de judiação com animais, o Bruno gostava mesmo é de afogar gato no rio, colocava o gato dentro de uma gaiola de passarinho, amarrava uma cordinha e deixava o gato submerso, até quase se afogar e tirava, e recolocava, e o bichano morria, e Bruno ia atrás de outro gato. Uma coisa sem lógica, pensava Daniel. Não tinha pena dos gatos, mas achava a brincadeira sem lógica.<br />Uma das diversões preferidas do Bruno era ficar de tocaia no cemitério, no alto do barrancão, chupando manga e esperando os macumbeiros fazerem seus despachos lá no cruzeiro.<br />E quase toda semana eles iam lá. Daniel não gostava dessa diversão, não achava maneiro. Ficava mais deprê ainda. Sempre que iam subir pro barrancão ele, Daniel, parava entre os túmulos pra ficar olhando as fotos das tumbas. Aquilo acabava com ele. Aquelas fotinhas antigas, ovaladas, meio encardidas, com o rosto das pessoas que estavam enterradas ali mesmo, à sete palmos. Não sabia porque, mas ficava lendo todas as datas de nascimento e morte que tinham embaixo das fotinhas das tumbas. Achava aquilo muito baixo astral, mas lia e ficava fazendo o cálculo da idade que a pessoa morreu. Parecia uma compulsão. Lia todos os que via. Ficou impressionado ao constatar que a maioria das pessoas morre antes de ficar velhinha. A maioria era nova. Regulavam idade com a da sua mãe quando morreu: quarenta anos. E o seu pai, trinta e sete anos.<br />Meia noite, insistia o Bruno, era o melhor horário pra ir, tinha macumbeiro à doidado. E iam. E ficavam escondidos até que a pessoa, toda paramentada com as roupas do orixá, falando sozinha, começasse a gargalhar. O Bruno saía correndo pra cima da pessoa, segurando um cacete de pinho na mão e enchia de paulada. Paulada a vera mesmo. De quebrar o braço. De rasgar o rosto. Já devem ter botado todos os orixás pra correr. Pomba-gira, Zé pelintra, Exu, Preto-velho...Daniel ficava cabreiro quando alguns deles, antes de virar correndo a esquina das lápides, parava e ficava olhando pra sua cara, como quem diz “o seu tá guardado”. Quando acontecia isso, ele parava e ficava encucadão. A brincadeira perdia a graça. Só o Bruno achavam engraçado ver o camaradinha de cartola, capa preta e vermelha, charuto, correndo igual criança embaixo de cacetadas e ofensas:<br />- Corre Exu filho de uma rapariga, macumbeiro filho-da-puta, porco, volta pro inferno. - Numa ira que assustava até o Daniel.<br />E logo depois do espancamento, esgoelava:<br />- Vem Daniel, me ajuda! Chuta que é macumba das braba, caralho! Chuta essa porra! Vamo mijar em cima!<br />E lá no cemitério, mais de meia noite, o silêncio era interrompido pelo urro dos dois espalhando a pontapé as velas acesas, as galinhas pretas, as garrafas de marafo, a farofa. E as vezes urinavam e cagavam em cima. Ficava uma imundície só. E quando o vigia noturno chegava, eles já estavam longe, abraçados, eufóricos.<br />A euforia era na hora pois, logo depois, sempre batia um arrependimento, e Daniel tentava dissuadir o Bruno da brincadeira. Queria parar de voltar lá. Mas o Bruno respondia:<br />-Cagão! Tá com medo do cemitério? De saírem mortos vivos fedendo à carniça da catatumba? Larga de ser cagão rapá! Ou tá com medo dos macumbeiros? Porra, superstição essa merda! Esses filhos da puta ficam lá fazendo maior imundície no cemitério, lá na cachoeirinha também, e gastam a maior grana e ficam achando que vão conseguir aleijar alguém fazendo despacho pra capeta. Não acredito nessa merda. Pura babaquice mané! Quer aleijar, vai lá você mesmo e dá uma martelada na coluna. Vê se um fantasma vai conseguir fazer isso? Ignorância!<br />Bruno tava certo, era medo que ele tinha. Mas não era medo do santo, do ilusório, da fantasia de que existem essas porras, o medo era justamente das pessoas que acreditavam naquilo, nos macumbeiros. Tinha um raciocínio que partia da seguinte lógica: Se uma pessoa quer que outra fique aleijada ou morra e recorre à macumba para isso, acreditando realmente que a macumba o fará, o sentimento de ódio e a maldade acabam sendo legítimas, pois ela acredita que acontecerá. A intenção está lá, só lhe falta a coragem pra ir pessoalmente dar a tal martelada na espinha da outra pessoa..<br />Tentava argumentar isso com o Bruno mas sempre ouvia a resposta de bate-pronto:<br />- Aí é que tá mané! São tudo covardes! Se tivessem culhão iam pessoalmente barbarizar com a pessoa que eles odeiam, usariam serrote, martelada, facada... E se não fazem é porque são bunda moles. Ficam fazendo essa imundície nas encruzilhadas, nos cemitérios, nas cachoeiras achando que o inferno vai ajudar eles a resolver seus poblema. Não têm a crueldade que a gente temos. Esquenta não rapá. Vamo lá.<br />E foram novamente. E esperaram. E se esconderam. E baixaram o pau no Exu Caveira e no Zé Pelintra e na Preta-velha. Bateram muito. Bateram de corrente. Bateram de cacete de pinho. Bicudo de botina biqueira de aço no rosto do Exu Caveira. Giletaram o seio esquerdo da Preta-velha. Ficou uma tripa branca escorrendo do seio esquerdo. Ela caiu ali mesmo e desmaiou. Os outros dois tentaram protegê-la e apanharam mais ainda. O Zé Pelintra, naquela de malandragem das antigas, terno branco com lenço vermelho no bolso, chapeuzinho panamá, ginga no sapatinho duas cores, na primeira suigada que tentou dar , tomou do Bruno uma correntada na orelha que rasgou de fora a fora. Bruno e Daniel eram moleques mas eram ariscos, bons de porrada. O Bruno, cobra-criada das ruas, já tinha , em outras ocasiões, sozinho, porrado três ao mesmo tempo. Ali era fácil, não tava brigando com marginal de FEBEM, mas com “três macumbeiros de merda, três bunda-moles”, como ele gritava enquanto o pau comia. E botaram os orixás aos berros pra correr. Só ficou a Preta-velha ali, deitada de bruços desmaiada numa poça de sangue, vestidinho de renda branco levantado, lenço na cabeça, calcinha vermelha fora do lugar mostrando um parte da buceta inchadinha de Preta-velha, que de velha não tinha nada. Até conhecia ela, era a Catarina, ex-enfermeira do seu avô. Não deu outra: Comeram ali mesmo, barbarizaram muito. Daniel, enquanto metia por trás no rabo da Preta-velha, ao deitar-se por cima, sentiu o hálito da mulher. Lembrou da sua mãezinha. Lembrou do seu avô. Recuou num pulo. Cedeu a vez ao Bruno que, depois de comer o cu e a buceta, não se dando por satisfeito,pegou uma daquelas velas de sete dias, cospiu a borda e enfiou no cu da mulata. Deixou ela lá, desacordada, quase morta.<br />- Vam bora Daniel... Hoje a festa foi boa.<br />E bicudaram o despacho. E saíram andando.<br />Só que dessa vez, o feitiço e o feiticeiro se uniram.<br />Quando o Bruno e o Daniel estavam quase virando o último quarteirão de jazigos, pra sair do cemitério, dão de cara com o Exu Caveira e o Zé Pelintra. Cada um dos santos com um facão na mão. E a carnificina foi ali mesmo. E o guarda-noturno do cemitério, ouvindo a gritaria, nem foi lá porque sabia que era coisa dos moleques chutando macumba. E o Bruno tomou uma facãozada no braço mas conseguiu fugir com a mão esquerda pendurada por uma pele. E o Daniel ficou encurralado, tentou suplicar, mas teve sua cabeça decepada por dois facões enferrujados. Foi esquartejado. Suas tripas espalhadas por entre as tumbas. Sua cabeça, separada do corpo, foi colocada como a de uma galinha lá no cruzeiro, ao lado dos despachos esparramados.<br />Duas semanas depois, a funerária liga pra Dona Almerinda pedindo uma fotinha três por quatro pra colocar na tumba do menino.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-1645581612081343452010-09-16T00:30:00.001-07:002010-09-16T00:30:51.575-07:00CATIVEIRO<div align="justify"><br />Feliz, enquanto a mãe e os irmãos cantavam as velhas cantigas dos antepassados lá na lavoura, ela ia fazendo o trajeto para a Casa Grande carregando saltitante as cestas com a colheita. Era sonho. Quando acordou, lembrou-se imediatamente que estava na senzala. Cheiro de madeira podre molhada. Os grilhões reluzindo pela única fresta de sol que entrava no cubículo não lhe deixava dúvidas, estava sim na senzala. Três dias nesse cativeiro. Umidade. Ela estava ali, não tinha dúvida, por causa da cor escura da sua pele. Por ser bonita e jovem. Era escrava sexual dele. Ele não dava trégua. “Sua preta imprestável”. “Sim sinhô”. E chicoteava-a sem piedade. Nua, suja, humilhada, seu cabelo pixaim desgrenhado pelos violentos puxões dados, quando ele violentava-a por trás, reafirmava a idéia de que a sua vaidade ia se esvaindo, como ele queria. “Crioula imunda lambe meu pé. Cadela. Lambe o saco do seu Senhor.” Eram muitas as humilhações verbais. “Você é bicho, não é gente. Chupa meu pau. Olha, se arranhar meu caralho com os dentes, sua asquerosa, vai tomar mais trinta chibatadas. Quer? Quer?”. Ela reunindo o cadinho de forças que lhe restava, dedicava-se a fazer como ele queria, se não fizesse bem feito, sabia que ia levar mais porrada, mais chicotada. “Sim sinhô, sinhozinho”. Ele não dava descanso. Humilhava cada vez mais. “Gente suja essa crioulada!” Às vezes ele pagava ela de surpresa. Como na vez que ela tava lá, no chão imundo, deitada de bruços, dormindo, descansando das curras anteriores e ele chegou repentinamente por cima, de surpresa, feroz, segurando os pulsos pra que ela não virasse pra cima. “Não me olha sua negra fedorenta desgraçada, raça ruim! ”. Assustada, acordando pro novo pesadelo, sente o pau dele arranhando no cu mulato comido à força. O suvaco cabeludo sufocando-a. Três dias consecutivos de torturas físicas, morais e sexuais. O corpo bem torneado e com músculos bem distribuídos talvez tenha dado mais resistência. “Mas que catinga artida sua preta imunda! Macaca piolhenta!”<br />No segundo dia é que foi o pior. Ele trouxera mais dois brancos para ajudarem a currá-la. “ Podem ficar á vontade, é igual à uma bezerrinha, só que a bezerrinha é mais apertadinha”. E riram os dois senhores enquanto revezavam na sua vagina já esfolada. E beliscaram com alicate no mamilo. “ Tirando leitinho da teta da bezerrinha”. E pegaram a sua cabeça e forçaram-na a colocar dois pênis na boca ao mesmo tempo. Ela golfando. Duas chibatadas queimando nas costas nuas. “Se vomitar apanha mais, preta”. Quarto dia. Só ela e ele lá. Depois de mais uma sessão de torturas, esgotada, garganta colando de sede, pediu água. “Por favor sinhozinho, água eu suplico”. Recebeu. Uma água amarela, quente, fétida, saindo do pênis dele. “Porca tem que beber urina”. Não tinha fim. Ou melhor, a tortura temporariamente teve fim quando o telefone tocou. Ela atendeu e, enquanto olhava pra ele, respondia: “Alô. Sim senhora Dona Verônica, é a Catarina. A senhora vai chegar de viagem só na terça-feira? Podeixar então que eu passo o recado pro Seu Domenico. Sim. Sim. Boa viagem. Tchau.”. E gritou pra ele: “Que maravilha Domenico! A gente tem mais três dias de cativeiro. Detona sua pretinha!” </div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-80583360096313494272010-09-16T00:27:00.000-07:002010-09-16T00:28:41.871-07:00ATENDIMENTO<div align="justify">ATENDIMENTO<br /><br /><br />VOU ME MATAR<br />De: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br />Enviada: domingo, 31 de agosto de 2008 23:47:55<br />Para: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br /> <br />Senhores do Vítimas de estupro, <br /> <br />Meu nome é Walmir. Conheci vosso site e estou mandando este e-mail porque estou desesperado. Fui vítima à quatro meses atrás de um violento estupro. Algumas vezes penso em suicídio. O que devo fazer? Suplico pela ajuda de vocês. Estou com muita vergonha. Prefiro não me identificar.<br /> <br /> <br /> <br />AJUDA<br />De: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br />Enviada: segunda-feira, 01 de setembro de 2008 20:08:23<br />Para: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br /> <br /> Senhor.<br /> <br />Não precisa se identificar. Vamos chamá-lo de Amigo, tá?. Amigo, iremos ajudá-lo não se desespere.<br /> <br />Atenciosamente,<br /> <br />Vítimas de estupro.<br /><br /><br /> <br />VOU ME MATAR<br />De: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br />Enviada: terça-feira, 02 de setembro de 2008 14:34:54<br />Para: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br /> <br /> Sinto-me muito mal. Durante o estupro eu ejaculei. Tenho muita vergonha disso. Não tenho coragem de ir numa delegacia prestar queixa. Sou um padre muito respeitado na minha paróquia.<br /><br /><br /> <br />AJUDA<br />De: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br />Enviada: quarta-feira, 03 de setembro de 2008 17:23:08<br />Para: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br /> <br /> Amigo,<br /> <br />Sua situação não é a única. Nós já cuidamos muitos casos homens que foram estuprados por outros homens. A maioria dos que atendemos conseguiu superar o trauma. Não são só mulheres que são estupradas. Sabemos lidar com os casos masculinos também. Além de todos os problemas enfrentados pelas mulheres quando são estupradas, os homens que passam pela traumatizante experiência ainda têm que enfrentar outros fantasmas: ele sente que sua masculinidade foi abalada. O próprio fato físico de que o homem estuprado pode ter uma ereção e até ejaculação durante o ato, leva a um questionamento sobre sua própria identidade sexual, achando que por este motivo é gay. A vítima também pode se tornar um homofóbico, porque toda imagem que remeta ao seu trauma vai lhe causar repulsa. Homens que foram estuprados, em sua grande maioria, carregam o fardo para o resto da vida, sem nunca tocar no assunto. E o tabu aumenta mais quando os meios de comunicação levam o público a associar a imagem de estuprador de homens com o homossexual. Sem atendimento psicológico ou apoio de grupos específicos, o homem estuprado pode desenvolver problemas profundos: alcoolismo e tentativas de suicídio são alguns dos resultados. Portanto, Amigo, sua situação é mais comum do que imagina. Recomendamos-lhe manter contato permanente conosco enquanto fizer um tratamento adequado.<br /> <br />Atenciosamente,<br /> <br />Vítimas de estupro.<br /> <br /><br /> <br />VOU ME MATAR<br />De: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br />Enviada: quinta-feira, 04 de setembro de 2008 22:09:27<br />Para: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br /> <br /> Não! Vocês não entenderam! Eu fui estuprado por uma mulher. Um demônio em forma de mulher.<br /><br /><br /> <br />AJUDA<br />De: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br />Enviada: sexta-feira, 05 de setembro de 2008 16:55:55<br />Para: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br /> <br /> Senhor. Este é um site sério. Deslocamos psicólogos e pessoas preparadas para atender centenas problemas sérios de estupro. Sua brincadeira faz-nos dedicar tempo que poderíamos ter usado para atender à outras pessoas. <br /> <br /> <br /> <br />VOU ME MATAR<br />De: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br />Enviada: sábado, 06 de setembro de 2008 23:44:05<br />Para: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br /> <br /> Estou falando muito sério. Pelo amor de Deus, ajudem-me! Fui a um psiquiatra, o Dr. Domenico Soares, e ele riu descaradamente na minha cara. Não acreditou em uma palavra minha! Saí do consultório mais deprimido ainda. Não contei pra ninguém. Não tenho coragem. Ajudem-me! Eu suplico! Ajudem-me!<br /><br /> <br />AJUDA<br />De: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br />Enviada: segunda-feira, 08 de setembro de 2008 16:26:20<br />Para: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br /> <br /> Senhor. Informaram-me do seu relato. Sou o Dr. Marcelo, advogado, e digo-lhe: além da vagina (em 1940 o Código Penal foi pleonástico), a vítima do estupro tem que ser mulher. Como não há estupro de homem, a violência sexual ficará sem punição. A violação anal, oral ou interfemural, por exemplo, não é estupro, mas atentado violento ao pudor. Caso saiba quem foi a agressora e queira processá-la, remanescerá, neste caso, apenas o constrangimento ilegal, que em comparação com o estupro e o atentado, tem pena simbólica. Umas duas ou três cestinhas básicas. Mais nada. Além disso, aqui no Brasil, só se fala do estupro de homens por outros homens em ambientes marginais, como as prisões. Diante de sua insistência, o Vítimas de Estupro designou-me a atendê-lo.Estou sendo pago para isso, portanto considerarei o seu relato verídico, por mais anômalo que possa parecer.<br /> <br />Atenciosamente,<br /> <br />Vítimas de estupro.<br /> <br /> <br /><br />VOU ME MATAR<br />De: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br />Enviada: terça-feira, 09 de setembro de 2008 21:54:37<br />Para: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br /> <br /> Doutor, agradeço a atenção. Sei que é incomum essa situação que aconteceu comigo, mas aconteceu. Peço que me dêem atenção.<br /> <br /> <br /><br />AJUDA<br />De: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br />Enviada: quarta-feira, 10 de setembro de 2008 16:58:01<br />Para: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br /> <br />Senhor, entenda que o crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal Brasileiro, ocorre quando, mediante violência ou grave ameaça, constrange-se a mulher à conjunção carnal. Ou seja, para que o tipo penal seja configurado em sua completude são imprescindíveis o constrangimento, a violência ou grave ameaça e, por fim, a conjunção carnal.<br />Destarte, a doutrina e jurisprudência pátrias, quase absolutamente, entendem que apenas o homem, ressalvados os casos em que a mulher aparecer como co-autora ou partícipe, pode praticar o delito, porquanto somente ele pode manter conjunção carnal com a mulher.<br />Sucede que o estatuto penal não determina essa exclusividade, na medida em que o verbo, núcleo da conduta delituosa, não é estuprar, mas constranger. Com efeito, casos há em que a mulher, sozinha, pode praticar o crime. Assim ocorre, p. ex., quando uma mulher, sob a ameaça de morte, obriga um outra mulher à conjunção carnal com outro homem qualquer.<br />Há ainda os casos de autoria mediata, em que a mulher figura, dentro do crime, como autora ao lado de um mulher não culpável pela sua conduta (partícipe), vez que agiu em razão de coação moral irresistível (CP, art. 22) ou porque era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (CP, art. 26). Nessas situações, a mulher, diante da recente Teoria do Domínio do Fato, de Damásio de Jesus, aparece como única autora, porquanto somente ela tem o domínio do fato criminoso. Os eventuais outros agentes são, tão-somente, partícipes. Portanto, a situação de violência deu-se pela indução verbal da referida mulher à outro homem que obrigou-o ao forçado coito anal passivo? Dê-me detalhes da agressão.<br /> <br />Atenciosamente,<br /> <br />Vítimas de estupro.<br /> <br /><br /> <br />VOU ME MATAR<br />De: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br />Enviada: quinta-feira, 11 de setembro de 2008 23:26:55<br />Para: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br /> <br />Não Doutor, não tinha nenhum homem. Aconteceu o seguinte: eu fui estacionar meu carro no pátio mal iluminado da igreja da minha paróquia, antes da missa, e ao sair do veículo fui abordado por uma pessoa mais alta do que eu, armada e com um capuz ninja. Com um revólver no meu pescoço, obrigou-me a por o pênis pra fora da calça e encostando uma faca com a mão esquerda no meio dos meus testículos disse que eu ficasse com o pênis ereto senão eu morreria. Fiquei muito, muito nervoso. Temia morrer. Claro que mesmo que eu quisesse, sob essas tensas circunstâncias eu não conseguiria atender o pedido. Orei muito para Deus nesse momento. Pedia para que Ele interviesse por mim. Que me ajudasse. Deixei em Suas mãos. O senhor, em Seu Infinito Poder, quis que eu sobrevivesse.. Então, aí é que eu percebi que era uma mulher, pois, estando de saias, encostou-me no carro e fez com que sua vagina fosse introduzida pelo meu membro. Assim que eu ejaculei,ela desencostou o revólver da minha cabeça, retirou a vagina do meu pênis e ainda, antes de fugir correndo, deslizou a lâmina da faca no meu testículo esquerdo provocando um profundo corte, chutou meu rosto várias vezes e agachou-se e defecou uma pasta mole e fétida sobre todo o meu corpo. Era o demônio. Caí desesperado de dor e humilhação. Alguns fiéis encontraram-me gritando e levaram-me para o hospital. Fiquei um mês internado com complicações decorrentes da infecção contraída pelo contato das fezes com a ferida do testículo. Tiveram que retirá-lo numa cirurgia. Fiquei sem um testículo. Disse depois para os curiosos da paróquia que eu havia me machucado dessa maneira ao prender o testículo na lasca de ferrugem da lataria do meu Del Rey velho e que eu mesmo havia me defecado todo de dor. Estou muito abalado. Humilhado. Desesperado. Ainda não me matei porque por ser padre sei , segundo as leis de Deus, quais seriam as conseqüências para mim. E também porque conto com a ajuda de vocês. Eu sei quem foi a mulher. Foi uma fiel da minha igreja, a Catarina, uma jovem negra, casada. Sei porque na minha igreja ela é a única que tem o perfil da estupradora, negra, alta e com o corpo esguio. Confirmei depois pela voz ao dirigir-se à mim semana passada depois do sermão. Ela estava do lado do marido. Um bom homem. Tive vertigens. Quase desmaiei de nervoso. Tenho medo, também, de ter contraído uma doença. <br /> <br /> <br />AJUDA<br />De: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br />Enviada: sexta-feira, 12 de setembro de 2008 18:19:39<br />Para: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br /> <br />Amigo, aqui é novamente a Mirtes, a psicóloga do Vítimas de Estupro. Tomei nota do seu depoimento. Conversei com o nosso advogado, o Doutor Marcelo, e chegamos à conclusão de que será difícil dar prosseguimento ao processo, se é que quer fazê-lo. Seu caso será facilmente mal compreendido, visto que subentende-se que a pessoa que comete o ato de estupro quer o poder, o controle sobre a situação e a humilhação do outro, que ele subjuga momentaneamente. Dirão que é impossível existir estupradoras , pois o estupro em si , é um ato forçado, e um fator importante para a penetração seria a ereção , então a mulher pode até se insinuar mas se o homem não quiser, ela não vai conseguir nada. Se ela se insinua e o força ao ato e ele se excita ao ponto de permitir o ato, não houve estupro, houve consentimento. Dirão que a mulher nunca será fisicamente mais forte que o homem, por causa da delicadeza, e seria quase impossível uma mulher conseguir subjugar um homem fisicamente já que o homem por natureza é que é mais forte. E essa relação de força masculina e delicadeza feminina é que excita os homens, e para acontecer alguma coisa o homem deveria estar excitado, se ele estava excitado é porque não estava sendo tão forçado assim. Dirão que se a referida mulher, ao tentar estuprá-lo, devido ao medo que você a vítima passaria, no caso um HOMEM, conseguisse que tivesse a necessária ereção, deixaria de ser um caso de estupro. Senhor, como eu já disse, a legislação brasileira só caracteriza o estupro como o ato de um homem violentar uma mulher. O estupro, segundo a lei brasileira, é a conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça contra a mulher. Portanto Senhor, dirão que conjunção carnal é cópula pêni-vaginal. O agressor tem que ter pênis. A vítima tem que ter vagina. A cópula com outras partes do seu corpo descaracteriza o estupro. Dirão que se a “estupradora" fosse estuprar, ela que seria "a estuprada", porque ela é quem teria sido penetrada. É uma causa perdida. Lamentamos não poder ajudá-lo.<br /> <br />Atenciosamente,<br /> <br />Vítimas de estupro.<br /><br /><br /> <br />DECISÃO<br />De: estuprado desesperado (estupradodesesperado@hotmail.com)<br />Enviada: sábado, 13 de setembro de 2008 23:55:59<br />Para: Vítimas de Estupro (atendimento@vitimasdeestupro.com.br)<br /> <br /> Senhores, descobri que ela está grávida. Agradeço por tentarem me ajudar. </div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-8757794729913978182010-09-16T00:25:00.000-07:002010-09-16T00:26:18.491-07:00TRÊS AIDS<div align="justify"><br />Não. O pior da prisão não é o cheiro de merda que sai do boi, nem o aperto, nem chulé de vagabundo, nem o calor do caralho, nem os piolhos, nem ter que comer comida estragada ou ter que lutar pra salvar a própria pele ou embolar na porrada pra não ser enrabado por um crioulão. O pior da prisão são as piadinhas. É você ter que ficar ouvindo as mesmas piadinhas dos mesmos caras que, além de achar que são engraçadas pra caralho, não se dão conta que já contaram a porra da piada mais de cinqüenta, cem vezes. Enquanto não nos conhecemos, é tudo novidade. A primeira pergunta é sempre sobre o artigo que o cara leva nas costas. Depois fala-se sobre a família, mulher, drogas, vida, futebol, porradas, programas de televisão, livros poucos falam, filmes...A última vez que rolou um assunto interessante aqui na cela já tem mais de seis meses. Foi quando o Davi contou da vez que tava fudendo com uma cinquentona e baixou uma pomba-gira na coroa no meio da foda. Ele lá, mandando ver na mulher de frango-assado e de repente ela olha pra cara dele com o cabelo todo jogado na frente do rosto, gargalhando. Aquela gargalhada sinistra de pomba-gira. O maluco do Davi nem aí, mandando ver na xereca da pomba-gira. Cara muito doido. Foi uma polêmica bizarra pra caralho na cela. Uns ficaram curiosos perguntando se a pomba-gira fodia bem, outros, os mais cagões, ficaram boladões dizendo que o cara tava amaldiçoado e teve até gente que disse que se a mulher engravidasse ia nascer um monte de capetinha. Foi uma discussão maneira. O Geladeira contou que até bateu punheta imaginando essa história. Neguinho caiu na gargalhada quando ele contou isso. Tem também o Zé Pedro, um baiano que é eunuco porque teve câncer no pau, uma coisa assim, e teve que amputar. Ele dizia que tinha contraído um tal de HPV num puteiro lá na Bahia. Contava maior vantagem que era comedor, que já tinha comido mais de duzentas mulheres. Ficava contando detalhes das fodas dele. Até que pegou a tal doença sinistra. Papilomavírus humano era o nome da doença, isso mesmo! Papilomavírus humano! A rapaziada da cela ficava doida, todo mundo decorou o nome da doença. Medo do caralho de pegar essa porra. E ficavam pedindo pro Zé Pedro mostrar o pau amputado e ele mostrava. Um troço que nem um umbigo, daqueles mal cicatrizados, um toco de dedo pra fora. Estranho pra caralho! Os caras ficavam zoando quando o Zé ia mijar sentado. Eu ficava com uma pena do caralho, não zoava não. Na verdade, se eu fosse ele eu me matava. Porra! Viver sem pau pra quê ? Prefiro morrer, porra!<br /> E as histórias na cela iam se esgotando. Tem uns caras aqui que eu já tô há uns quatro anos olhando pra cara deles. Todo dia. O mesmo fucinho. O mesmo mau hálito. O mesmo cheiro de bunda mal lavada. De suor azedo. Neguinho reclama de casamento, que casamento é rotina e tal, a mesma mulher, mas vem pra uma porra de uma vida de merda dessa ficar olhando pra cara de uma porrada de macho todo dia. Casamento é paraíso. E o que irrita mais aqui, eu já falei, são as piadinhas. Não demora muito para os assuntos se esgotem. As histórias acabarem. A gente fica rapidinho de saco cheio um da cara do outro. Aí começam as merdas das piadas. Umas porras de umas piadas decoradas que os filhosdaputa sempre acham que estão improvisando. É foda! Porra, o Nicão é um que enche o saco. Se alguém que tá lá no boi mijando, e solta a clássica “ Mijar é bom pra caralho!” ou “ Putaquepariu, mijar quando a gente tá apertado é a melhor coisa do mundo” ou coisa parecida, o Nicão, ao ouvir a porra da frase, já solta a merda da piada que cisma que tá improvisando: “Porra, cê disse que mijar é a melhor coisa do mundo. Das duas uma: ou eu que não sei mijar ou você que não sabe fuder”. E cai na gargalhada sozinho, se achando o cara mais engraçado do mundo. O Nicão já mandou essa no mínimo umas cem vezes. Acho que a galera fala de propósito só pra ele mandar a piada e se sentir bem. Eu fico puto com essa porra! Puto mesmo! Tem o Toinho, um nordestino que tá de 157, sacana pra caralho, que vive mandando aquelas porras daquelas frases-feitas que todo mundo ouviu uma porrada de vezes, mas ficam rindo pra agradar o cara. As que o Toinho mais repete são: “Soube que você cria largato. Seu largato mama?”, ou “ Felicidade minha é espetáculo seu...”, ou “ Em caminho de paca tatu caminha dentro ?”, ou “Engordei. Agora estou com mais barriga e com menas bunda.”, ou “Vocês gostam de comer doce-cuzcuz? Se vocês gostam de comer carré, eu prefiro comer nabo-seco e quiabo-cru.”, ou “Setembro chove?”, ou “ Acho que vai chover, veja se está passando um baita nuvão preto, aí.”, ou “ Soube que eu estive muito doente ultimamente? Titrepossemia , “pus no cu”. Peguei da merda do gato. Tômió.”, ou “Que calor , einh?!? Um calor desses se sente em qualquer lugar, até cavalo na bunda sua !”, ou “Aquele quintal que você não usa nos fundos da sua casa, você não me emprestaria? Estou vendendo ralos e preciso de um local para exposição. Eu poderia expor ralo aí atrás?”.<br /> Já até decorei essa merdaiada toda. E passa dia, passa dia e tem que ficar escutando a mesma coisa. E o pior é que dependendo do cara a gente não sabe se tá falando sério ou se tá de sacanagem. Igual ao Zé Vareta, um coroa ex-bicha, macumbeiro dos brabo, esquisitaço, magrelo, cheio de mancha no corpo, quietão, que a rapaziada diz que tá até aidético. Esse Zé Vareta é sinistro pra caralho. Acho que matou e esquartejou um garoto de treze anos. Um tal de Daniel, o moleque. Dizem que o Zé-Vareta matou o moleque ruma oferenda de magia-negra no cemitério. Sinistro. Saiu em tudo quanto é jornal, televisão. O Zé Vareta, como eu tava dizendo, é malucaço. Fica falando sozinho nos cantos. Às vezes dana a conversar com a gente, não fala coisa com coisa. Dia desses ele entrou numa piração e começou a gritar que a indústria farmacêutica que fabrica o azt, aquele remédio que segura a onda da aids, tava perseguido ele porque ele tinha uma receita caseira da cura da doença, e como eles descobriram que ele tinha a fórmula, mandaram uns espiões atrás dele. E um outro moleque que ele matou antes do Daniel era um informante dessa indústria que se disfarçou de namorado dele para obter as informações. Porra, maluquice do caralho. Maior psicopata o cara. Quinta passada chamou a rapaziada da cela num canto e contou pra gente a tal receita. Dizia: “ É moleza! É moleza! Ninguém sabe mas eu sei a receita da cura da aids. É moleza de fazer! Vô contar procês mas boca pequena einh? (...) É só misturar três comprimidos de aspirina com limão em um copo e socar e beber depois de trepar com alguém que tenha a maldita”. “Corta o efeito da aids na hora”. “Corta o efeito da aids na hora”. Ficava dizendo. “ Eu já tive aids três vezes! Eu juro por Deus! Sério mesmo, eu já tive aids três vezes!”.<br /> Essa, sinceramente, eu fiquei sem saber se era pra rir ou não.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-39159758776421100132010-09-16T00:24:00.000-07:002010-09-16T00:25:24.027-07:00CHAPA-QUENTE<div align="justify"><br />Oito anos, três meses, sete dias, três horas, vinte e sete segundos. X-tudo: vagabundas, escarro, porradaria de travestis , pão bolorento, boquete da vagabunda bêbada pra pagar o x-egg, band-aid usado, carne de hambúrguer estragada batizada com salitre pra tirar o gosto podre, cheiro de mijo, fanta light, pedófilo asqueroso pagando hambúrguer pra menininha mendiga esfomeada, Haldol que a porra do psiquiatra me passa pra me acalmar, ratazanas comendo restos que caem no chão, freguês cara-de-pau que come e sai de fininho pra não pagar, fulaninha fazendo fofoca sobre o corno do vizinho,marola de maconha, teia de aranha, cheiro de merda saíndo do banheiro. Tô de saco cheio. Punheta no vidro de mostarda pros filhos-da-puta dos operários da CSN comerem e lamberem os beiços.Trabalhei só três meses na Companhia Siderúrgica Nacional. Foi antes de ficar internado aquela época no hospício. Faz mais de nove anos. Empreiteira bacana da CSN. Trampo tranqüilo. Me mandaram embora só porque me pegaram comendo o cu do encarregado no banheiro do Lingotamento Contínuo. Eu precisava da promoção e acabei ganhando a demissão. A bicha do encarregado ficou lá, tinha boas influências, chupava o pau do Gerente de Qualidade. Oito anos, três meses, sete dias, três horas, vinte e nove minutos e quarenta e seis segundos trabalhando nessa merda de trailler. Só trabalho na madrugada. Nem meu essa merda de trailler enferrujado é. Trabalho pra pagar o aluguel da quitinete que moro que é também do Gordo. Gordo é o nome do desgraçado que me explora esse tempo todo. Trabalho fudido. De meia noite às 5 da manhã. Já vi de tudo nessa bosta de emprego. O nome do trailler é X-Tudo.Escarro no queijo antes de botar ele pra derreter encima do ovo. Ninguém percebe.X-Tudo: dois pães, uma carne, queijo, bacon, ovo, batata palha, presunto, alface. Faço quatro desses em menos de três minutos. Prática. Uma porra de um serviço enfadonho, sem futuro nenhum. Meu futuro é engolir mais fumaça de chapa, fumaça saída de óleo reaproveitado. X-Tudo: bacon cru, camisinha usada, chiclete mastigado, vômito seco, estátua do Seu Zé Pelintra embaixo da caixa registradora, coca zero, viado velho tomando conhaque, cerveja itaipava com lacre, x-egg-salada, mão suja de dinheiro no pão, boné surrado escrito Albano Reis para deputado, mulé do freguês - corno e distraído – comendo x-egg salada abrindo as pernas pra me mostrar a calcinha , Nike novinho manchado de gordura sebenta, cd do Agnaldo Rayol rolando baixinho enquanto trabalho, hall’s preto pra tirar o bafo de birita, carta da ingrata da Sandra Carla, x-egg-salada-bacon, cheiro azedo de sovaco mal-lavado, patricinha debilóide pedindo “x-burguer sem queijo”, maionese com salmonela, puta maltrapilha com bafo de porra, sujeira embaixo da unha, caneta bic falhando, sanduíche natural, porrete de pinho sujo de sangue velho usado para esculachar bêbado caloteiro, garotão playboy dando cavalinho de pau no Audi A3 do pai. Não agüento mais essa vida sebenta, gordurenta. Vida de merda. Cheiro de bacon agarrado permanentemente no cabelo. Sem futuro, sem destino. O destino está nas mãos de Deus. Um Deus que, com certeza, nunca esteve às quatro horas da madruga, nesse frio do cacete, aturando toda essa corja nojenta comedora de lixo na chapa. Se eu não tivesse tido que parar de estudar pra trabalhar e ter que alimentar um filho que nem sabia se era meu, com a Sandra Carla, que na época me ameaçava tacar na cadeia por causa da merda da pensão, eu ia ser escritor, do tipo roteirista de cinema em vez de trabalhar nessa merda de trailler. Com o moleque morrendo atropelado, esmagado, há um ano atrás, eu não corro o risco de ir pra cadeia por pensão não. E o Carlinho nem ia com a minha cara mesmo, me odiava, odiava quando tinha que ficar o final de semana comigo. Morreu o peste. Nem meu filho era. Era preto e eu sou branco, porra! Não era meu filho não, eu tenho certeza! Eu é que sou meu próprio filho. Tenho que investir no meu futuro. Vou ser é roteirista de cinema. Parei na sétima série. Era bom de Português. Por isso que eu acho que eu vou ser um roteirista de cinema. Guardo na cabeça até o roteiro de um filme ducacete que eu criei esses dias. Tipo serial killer, psicopata. Já tenho o nome do filme: Brincando com o Destino. Nome maneiro pra filme de psicopata, né? O nome do assassino em série eu dei de Mike Spleen. Psicopata norte-americano, é lógico! Cara sinistro, cheio de tatuagens com referências ao destino, um monte de símbolos diversos – aí eu tenho que pesquisar pra saber que desenhos ele teria espalhado pelo corpo. Um cara alto, branco, cabeça raspada, magro. Magro pra caralho por causa de uma doença terminal que ele tem. Sem parentes nem amigos. A primeira cena do filme mostra o Mike num quarto escuro, centenas de livros, ele é um intelectual. Com um revólver apontado pra própria cabeça brincado de roleta russa começa: Tlec! Tlec! Tlec! Ele para e desiste de ir até o fim. Não pode morrer agora. Tem uma missão. Tem várias missões. Cenas mostram ele entrando em sites sobre suicídios, assassinos de escolas, serial killers. Mike, como se pode perceber, tem obsessão pelo tema destino e, consequentemente, pela morte. Ele acaba descobrindo uma sala de bate-papo que reúne adeptos de uma perversão chamada bareback. Descobre que bareback é uma festa onde gays não portadores da aids marcam um encontro, chamam um outro gay que tenha aids e ao final de uma orgia sem camisinha, ficam sob a tensão de terem ou não contraído a doença, isso é o que dá tesão neles. Mike consegue um encontro bareback e vai. Mike tinha uma doença terminal, e o fato de ter ou não contraído aids na tal festa não fez diferença pra ele. Ele queria mais emoção. Ele então tem uma idéia perfeita: Vai , ele mesmo, decidir o destino dos outros. Mike grita eufórico “Eu sou a roleta – o dado – a carta – Eu sou o destino”. Mike vai pra Las Vegas e , vendendo o carro, começa a jogar. Perde. Ganha. Começa a matar viados ricaços que se interessam por ele e reúne uma boa grana. Uns dois milhões de dólares. Vai pra Nova York e começa sua sinistra missão: decidir o destino dos outros. Compra um carro, compra um rifle calibre 12, pega o resto das fortunas roubadas e troca tudo em maços de dinheiro de dez mil dólares. Sai de carro de madrugada e dá início ao seu propósito. Conforme Mike vai passando pela rua e vê os pedestres ele decide, sem dados nem cartas nem nada: “ Esse é azarado” e da fresta do vidro do carro em movimento dá um tirambaço na cabeça do sujeito. “Esse é sortudo” e joga na frente de outro sujeito, duas quadras depois de ter matado o primeiro, um dos maços de dez mil dólares. E assim Mike vai , noite após noite, decidindo o destino dos outros. Velhos, putas, bichas, crianças, mulheres. Uns ricos, outros com a massa encefálica espalhada pelo chão. Outros que ele determina meio sortudos meio azarados ela dá um tiro na perna ou na coluna e joga o maço de dinheiro logo depois. O mais legal desse filme é que perto do final a gente descobre o porquê desse comportamento dele : a tal doença terminal... “UM X-EGG-SALADA COM BASTANTE MAIONESE !” Caralho! Com essa porra desse movimento aqui no trailler, nunca vou conseguir terminar a porra do roteiro. Ainda não passei pro papel mas tá tudinho aqui na minha cachola. Tenho que registrar antes que alguém roube a idéia. Vai que eu distraio e acabo contado pra alguém? Tá doido? Só falta eu ter uma idéia maneira pro final. Tô quase lá. “AÊ RUAN, FAZ UM X-TUDÃO NO CARPRICHO, AQUELE QUE SÓ VOCÊ SABE FAZER!” Oito anos, três meses, sete dias, três horas, trinta e dois minutos e dois segundos. Só agüentei esse tempo todo sem pirar porque dou um jeito de me distrair. Inventei uma brincadeira maneira, piada interna, só eu sei da sacanagem e rio pra caralho por dentro. Sem o cliente perceber. A brincadeira é ducaralho. Sou tipo o Mike, só que brasileiro. Brasileiro né, do interior do Estado do Rio, é sempre mais chinfrim, e dar tiro de escopeta na cabeça dos outros não é comigo não, ainda que alguns filhos-da-puta mereçam. Na tal brincadeira, que eu chamei de chapa-quente, eu faço o seguinte: todo dia treze, meu número da sorte, eu pego um dado, guardo debaixo do balcão de pedidos e, conforme os pedidos começam a ser feitos, eu vou jogando o dado. Não sou o Mike, não tenho a moral de decidir o destino dos outros sozinho. Quem decide aqui é o dado. E quando é feito o pedido eu jogo o dado por baixo da bancada, disfarçadamente, sem que o cliente perceba, e a sorte ou o azar é lançado. Se cai o número seis, a pessoa tem sorte pra caralho e eu, de propósito, dou o troco errado, a mais, se ela volta pra devolver, azar o dela, pra mim tanto faz, já tenho uma caixinha com grana reservada pra isso. Se cai o número cinco ela ainda tá na boa com a sorte, e eu capricho no bacon, todo mundo gosta de muito bacon. Se cai o quatro, significa que é neutro, entrego o pedido na moral, do jeito que o cliente quer, elas por elas. Se cai o três aí é que a brincadeira começa a ficar maneira: ou eu escarro dentro do hambúrguer, ou esfrego o pão na cabeça do meu pau que tá sempre ensebado , ou alguma doideira dessas qualquer. Muito maneiro ver neguinho mordendo meu pau por tabela, tenho que me segurar pra não cair na gargalhada. Já, se cair o dois, é a maior piração, eu pego umas carnes de hambúrguer que eu já preparo de antemão onde eu misturo viagra moído e purgante, isso mesmo!, viagra moído e purgante na carne crua antes de ir pra chapa, frito, coloco no pão e fico imaginando o camarada, depois, sem entender nada, a noite inteira cagando de pau duro. Vida loca. Se cai o um, o mais azarado de todos, e o que eu mais torço pra cair, eu boto veneno de rato, daqueles chumbinho dentro da carne, pá – pum!, se a pessoa conseguir , depois que começar a passar mal, ir a um hospital fazer uma lavagem estomacal a tempo, sobrevive. Aí é uma questão de sorte. Ou azar. Sei lá.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-32018718110849840172010-09-16T00:23:00.001-07:002010-09-16T00:23:57.690-07:00CARNE-DE-VACA<div align="justify"><br />- Que que foi Piruá? Que cara de cu é essa?<br /> <br />- Porra Adriano, tô afinzão da Gigi e o filadaputa do Zelão vai acabar comendo ela, eu sei. Se já num tá comendo. Aquela gostosa é a maior interesseira e tá todo sábado no churrasco do terraço dele. Onde aquele crioulo arruma tanta grana pra fazer churrasco pra galera do morro todo ? Porra, é só fazer as conta: alcatra tá dezessete paus o quilo, o contra filé tá uns dez , picanha uns vinte e cinco, e ainda tem coraçãozinho, asa...Até o tal de beibi bife, que é uma espécie de feto de vaca, tem. Porra o beibe bife tá uns trinta e cinco paus o quilo. Lance chique. Tá certo que a cerva é a galera que leva, mas a carne fica toda por conta dele. Ele deve gastar, por baixo, uns cem conto. Se bem que o Zelão levanta a maior bufunfa fazendo o movimento de pó pros playboy. Dez conto o papel.. Todo dia ele tá no asfalto. Deve levantar uns trezentos conto por semana. Livre na mão dele. E eu aqui, maior punheteiro fudido, traficante de maconha vagabunda. Num tiro nem cinqüenta conto por semana. Tem semana que dá, no máximo, uns trinta. Crack cê sabe que eu já tentei vender, Adriano, mas é maior merda. Num dá quase porra de lucro nenhum e os maluco fica enchendo o saco na fissura da parada, estarra geral, mó furada. E o movimento nunca vai me dá pó pra vender. Depois que eu fiz aquela merda de comer a Gislaine, filha da dona Rosa, à força, o movimento não confia em mim nem pelo caralho. Maior merda, num morri, Adriano, porque seu pai, que é presidente da associação de moradores, me deu uma moral. Tomei uma piaba sinistra. Cuspo sangue até hoje. Pisaram no meu saco, chutaram a minha cara, barbarizaram geral. Mas eu sei que no fundo eles tavam era com inveja porque fui eu que arranquei o cabaço da Gislaine. E ela já me dava mole há um tempão, desdos onze ano. Maior vadiazinha. Já ia me dar um dia ou outro de qualquer maneira, só que eu pulei as etapa inicial. Isso que a galera não entende. E o pior é eu aqui maior marmanjão soltando pipa e nem grana pra comprar um cerol bom eu tenho. Neguinho me corta e apara direto. Vergonheira do caralho.<br /> <br />- Vergonheira mesmo rapá! Por isso que a mulecada do morro te chama de arame liso. E não é só por causa da linha sem cerol não. É porque depois da merda que cê fez, cê tá mal com a mulherada do morro. Elas tem tudo medo de você. Neguim te chama de arame liso porque você cerca,cerca e não machuca ninguém. Ah! Ah! Ah! Ah!<br /> <br />- Qual é véi, vai esculachar também?<br /> <br />- Qual é ? Eu até te defendo quando a galera te chama de arame liso. Cê é meu primo porra! Fomo criado junto.<br /> <br />- Negócio é o seguinte: chega de conversa fiada e vamu botar em prática uma idéia do caralho que eu tive ontem...<br /> <br />- Porra, lá vem merda! A última uma idéia genial que cê teve foi estrupá a Gislaine.<br /> <br />- Qual é porra? O bagulho agora é frenético! Com essa idéia que eu tive, vai ter buceta esfregando na minha cara!<br /> <br />- Caga pela boca então...<br /> <br />- Olha só: lá atrás do morro, depois do campinho, lá no pasto do Seu Zé, tem vaca pra caralho, umas vinte, e o Seu Zé larga elas lá à tardinha e só volta pra recolher de manhã. Eu tava fumando um e soltando pipa lá no barrancão e eu vi. Mó moleza. Elas ficam de bob a madruga inteira lá, e não tem ninguém tomando conta.<br /> <br />-Tá! E daí?<br /> <br />- E daí que a gente vai lá agora e mata uma vaca daquelas, destripa e traz a carne aqui pra casa e faz um puta churrasco no domingo, mais fudido do que o do Zelão. A mulezada vai fica maluca, eu bancando carne geral pra galera, tirando maior onda. Daí em diante vai ser só carne mijada pra gente. Entendeu? Carne mijada. Buuuceeetaaaa!<br /> <br />- Calmaí caralho! Que idéia de girico véio? Como é que a gente vai trazer tanta carne nas costas? O pasto é longe pra caralho! Umas duas horas andando! E uma vaca deve pesar pra cacete! E outra coisa: como é que é que cê tá pensando em matar a vaca? Com um susto? Buuu! Nem revólver cê tem mané!<br /> <br />- Porra aí é que tá o bagulho: eu vi na televisão um matadouro que os cara enfia uma faca na testa da vaca. Uma fincada só. Sssuifft! E a vaca cai estatelada no chão. E outra coisa sua besta: a gente não vai trazer a vaca inteira não, caralho. A gente destrincha ela lá mesmo. Depois de morta e destripada a gente vai tirando as partes: aproveita as perna, braço, barriga. A cabeça a gente joga fora ... Se bobear, a gente dá sorte de achar uma vaca grávida e ainda traz o feto dela, o tal de beibi bife. Mó onda, já pensou? Uns quarenta, cinqüenta quilos de beibi bife pra galera...<br /> <br />- “Perna, braço...” Ah! Ah! Ah! Onde já se viu vaca ter perna e braço?<br /> <br />- Calaboca porra! Cê entendeu, não entendeu? Tá na fita ou não tá?<br /> <br />- Cê já tem a faca?<br /> <br />- Tá na moral. Aqui ó, afiadinha.<br /> <br />- Cuidado com essa porra, maloca aê!<br /> <br />- Peraê eu guardar a pipa atrás dessa pedra...Vamu lá?<br /> <br />- Bora lá!<br /> <br />- Me acompanha...Vê se num fica de conversa fiada porque a subida é do caralho. Vamu poupar energia, que conversar cansa mais ainda. Só vamu trocar idéia lá no barrancão depois do campinho, beleza?<br /> <br />- Beleza...(...) Caralho... Minha perna já tá doendo...<br /> <br />(...)<br /> <br />- Para de resmungar porra...(...) Já tamo chegando! (...)<br /> <br />- Alá Piruá! As vaca tão ali em baixo! Bem que cê falou! Molezinha!<br /> <br />- Porra, espanta aquela malhada ali pro meu lado...<br /> <br />- Qual é maluco! Tá maluco? Cê tem que prender ela num canto pra dar a facada!<br /> <br />- Porra! Que canto? Essa porra desse pasto não tem um canto...É tudo aberto...<br /> <br />- Fudeu...<br /> <br />- Tive uma idéia! Vamu espantar ela ali praquele charco e ela vai ficar atolada. Ooooaaaaaaaaa! Vai vaca!<br /> <br />- Caralho Piruá tá cansando essa merda... Já tô arrebentado. Vou dá um teco pra ver se reanima...<br /> <br />- Porra cê tem pó aí ? Onde cê arrumou grana pra comprar dois papel?<br /> <br />- Calaboca e mete a napa!<br /> <br />- Ca-ra-lho! Trinquei véi!<br /> <br />- Vamu matar essa vaca do caralho!<br /> <br />- Espanta, espanta!<br /> <br />- Atolou! Atolou! Caralho! A filha da puta da vaca atolou até a metade!!<br /> <br />- Peraí que eu vou me posicionar pra dar a facada!<br /> <br />- Rápido porra!<br /> <br />- Porra! A faca parece que tá batendo numa parede, até entortou a ponta, a testa da vaca tá toda rasgada e ela num morre nem pelo caralho...<br /> <br />- Caralho! Eu não sabia que vaca gritava tanto! Mete a faca na garganta dela!<br /> <br />- Pu-ta-que-pa-riu! A ponta entortou todinha! Tá igual um ú. Desamassa ali naquelas duas pedra e me devolve!<br /> <br />- Desamassei mais ou menos, tomaê! Caralho! Faz essa porra parar de gritar! Tá saindo sangue pra caralho da testa da vaca e a filha da puta quanto mais tenta pular mais ela afunda na lama...Ah! Ah! Ah! Ah! Engraçado pra caralho...<br /> <br />- Porra! Eu te falei! A ponta tá tão torta que nem no pescoço eu tô conseguindo fincar.. Só rasga o couro e não afunda...Aaaiii! Caralho ! Ela tentou me morder...<br /> <br />- Ela tá toda imobilizada! Não consegue nem se mexer direito...Mete no olho no fucinho, sei lá!!! Mata essa porra logo!<br /> <br />- Já dei no olho, no fucinho, no ouvido, no pescoço e ela não morre...Essa faca ducaralho também com a ponta entortada não vou conseguir fincar fundo nem pelo cacete... Peraí! Onde é a picanha e o alcatra dessa porra?<br /> <br />- Acho que é entre o traseiro e a perna...<br /> <br />- Peraí que eu tive uma idéia ducaralho e a gente não vai sair daqui sem nosso churrasco não...(...) A lâmina ainda tá afiadinha.<br /> <br />- Caralho maluco! Tu é sinistro pra caralho! Mandaê...Esse pedaço acho que é picanha...dá pra ver pelas gordura..dá aqui...dá aqui...agora acho que é alcatra , olha as fibra...Tá bom, porra! Já tem carne pra caralho aqui... dá pra fazer um churasco sinistro com isso tudo aqui...depois em casa é só separar a carne do couro...<br /> <br />- Quê que tá faltando porra? Cê falou que já tem alcatra e picanha...Fala alguma carne que fica pro lado de fora da vaca que é responsa...Porque de dentro não vai dar pra tirar não, só dá pra usar a lâmina da faca, a ponta de fincar já era...Falaê, falaê!<br /> <br />- Tem a maminha....<br /> <br />- Onde é a maminha?<br /> <br />- Maminha deve ser a teta da vaca, né? Vai rápido aí porra!<br /> <br />- Caralho tô tentando tirar a maminha mas tá duro pra caralho! (...) Consegui! Tomaê!<br /> <br />-Boralá então porra! Cê tá parecendo um zumbi de filme de terror todo vermelho de sangue e lama...<br /> <br />- Boralá! Leva esses pedaços que eu levo esses daqui...<br /> <br />- Porra! Tá pesado pra caralho. Vamu dá uma descansadinha ali no topo do morrinnho...<br /> <br />- Podicrê...<br /> <br />- Caralho Piruá olha lá embaixo, a vaca tá na caveira e ainda tá gritando e pulando pra caralho...<br /> <br />- Coé Adriano! Ela tá gritando purque tá doida pra vim no nosso churrasco que vai ser ducaralho!<br /> <br />- E cheio de carne mijada!<br /> <br />- Podicrê! Vai ter muita carne mijada! O Zelão vai ficar doido!</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-14988645809578594932010-09-16T00:21:00.000-07:002010-09-16T00:22:38.197-07:00AQUÁRIO<div align="justify"><br />Domenico pagou mais de três mil reais no terno preto bem cortado, marca Ricardo Almeida, sob medida. O nó inglês na gravata, completamente simétrico, à moda do duque do Windsor, dava a altivez e o charme britânico necessário. A ocasião era especialíssima. Valeu cada centavo investido. Mais importante do que a formatura na época da faculdade. Mais importante do que o casamento da filha mais velha. Mais importante até do que o próprio casamento. Estava prestes a receber o grau máximo na consagração nos estudos que um homem poderia receber. Seria em breve um dos poucos Pós-Doutores em Psiquiatria no Brasil. Olhou ao lado do aquário pra garrafa importada de Perrier-Jouët que havia reservado para tomar logo mais, olhando orgulhoso pro diploma. Pagou mais de dez mil reais na garrafa do seleto champanhe. A maior extravagância que havia feito até hoje. Não teve nenhum remorso, seria o seu merecido prêmio. Merecia sim. Afinal, foram quatro anos de árdua e intensa dedicação para desenvolver a pesquisa que considerava, sem falsa modéstia, uma das mais importantes descobertas da psiquiatria no mundo. A tese era revolucionária. Iria impressionar a banca. Que, já sabia, seria seletíssima, composta só de medalhões: Fúlvio R. Junior, pós-doutor pela RUSH University; Derley Macedo de Bastos, primeiro lugar no concurso para livre-docência em psiquiatria na UNIFESP; Gustavo Alcântara, pós-doutor pela Harvard Medical School e autoridade mundial no assunto; Luciano Hummil, livre-docente pela Universidade de Heidelberg e José Carlos Berlo e Castro, doutor em Acupuntura por Notório Saber pela Shandong University of Traditional Chinese. Pra se ter idéia da importância desses cinco reunidos, essa banca representa a autoria de mais da metade dos atuais livros de referência em psiquiatria no Brasil e no mundo.<br />Conferiu tudo antes de entrar de sair de casa em direção à Universidade: pastas com os documentos pessoais, notebook com os arquivos, pen drive com a apresentação em Power Point meticulosamente confeccionada. Terno alinhadíssimo, barba feita, cabelo milimetricamente penteado. Lembrou-se, antes de sair, de colocar a comida pros peixinhos do aquário. Saiu de casa, trancou a porta. Peito cheio de coragem. Entrou no carro. Trânsito intenso. Quarenta minutos de casa até o local. Chegou com cinco minutos de antecedência. Não se importou, ia dar tempo. Estacionou o carro. Portaria da universidade.<br />- O auditório no Bloco 3, senhor Domenico, já estão lhe esperando.<br />Seguro de si, Domenico a passos firmes direcionou-se ao local onde apresentaria a sua preciosa tese. Auditório lotado. Esposa, filhas, parentes, alunos, pacientes, professores, amigos e, no canto esquerdo, à frente do auditório e do telão, os cinco cavaleiros do apocalipse sentados em cadeiras destacadas.. Estufou o peito, ajeitou os óculos. Impávido, subiu no palco. Posicionou-se à frente de todos. Sabia que teria exatos quinze minutos para a explanação. Mais dez, se a banca achasse necessárias, as argüições. Especulou as possíveis perguntas e decorou até as prováveis respostas. Treinara exaustivamente segundo a segundo, palavra por palavra. Tudo cronometrado. Começou:<br />- Digníssimos senhores da banca. Senhores convidados. Apresentar-lhes-ei um breve resumo dos últimos quatro anos de árduo e intenso trabalho que empreendi para desenvolver e presente tese que, com a maior satisfação, orgulho e respeito, dedico ao meu mestre e orientador o falecido Prof. Dr. PhD Diógenes Lizandro de Alcântara Machado.<br />Os presentes puseram-se de pé e apludem. Domenico espera que todos se sentem e liga o telão, aparecendo escrita, gigantescamente, o título da tese:<br />“SÍNDROME DE TOURETTE: NOVAS CATEGORIZAÇOES ORGOGÊNICAS, ESCATOLÓGICO-ORGOGÊNICAS E HEPTO-ORGOGÊNICAS.”<br />Domenico aponta firme pro título no telão e, no microfone, dispara:<br />- Este estudo busca recategorizar e recompartimentalizar várias manifestações díspares da Síndrome de Tourette. Sabe-se que Síndrome de Tourette, está presente nos quadros de tiques vocais e que esses tiques vocais podem ser simples comuns, os quais incluem pigarrear, grunhir, fungar,escarrar , bufar e emitir sons guturais.<br /> <br />Domenico tecla no notebook, e no telão aparece uma grotesca imagem em vídeo de uma moça negra, nua, toda suja, agachada no chão emitindo os mais diversos sons.<br /><br />[Hunghh! Hunghh! Grrhhhhnn! ]<br /> - Portanto, senhores, podemos partir da premissa de que, afirmativamente, os tiques vocais podem ainda ser complexos comuns, os quais incluem repetições de palavras ou frases fora de contexto. Incluímos, portanto, a Coprolalia, que é o uso de palavras socialmente inaceitáveis, freqüentemente obscenas, e a Palilalia repetição de sons ou palavras. Como podemos ver transcrito no slide.<br />Aparece no telão, com as palavras sendo construídas letra a letra, por um recurso do power point, a frase:<br />[ Õrra meu! Me enterrou o cabeção do cacetão no cabação e arrancou até carnegão, carnegão.]<br /> Todos no auditório atentos, analisando minunciosamente a enigmática frase. Domenico continua com a apresentação:<br />- Há também, senhores e senhoras, a Ecolalia, que é a rima de palavras como se fosse um eco. Como este que os senhores podem ler neste slide. Esta manifestação registrada, assim como a anterior, foi colhidas ao longo de quatro anos em um hospital psiquiátrico, como um dos emblemáticos exemplos de estudos de caso.<br /> No telão escrita a frase em letras garrafais.<br />[Vou botar . Vou botar .Vou botar no seu cuzão até arrancar caroço de feijão! Até arrancar caroço de feijão! Putaquepariu! Putaquepariu! Porra! Putaquepariu!]<br />Gustavo Alcântara e Luciano Hummil olham-se. Domenico, de olho no relógio, não para de falar:<br />- Vejam, senhores, que no Transtorno de Tourette são múltiplos os tiques motores e um ou mais tiques vocais. Os tiques vocais do Transtorno de Tourette incluem várias palavras ou sons como estalos, grunhidos, ganidos, fungadas, espirros e tosse comtique vocal simples comum e a Coprolalia, que, como eu já disse, é um tique vocal complexo envolvendo a verbalização de obscenidades. Este tipo de tique está presente em torno de 10% das pessoas com este transtorno.<br />Domenico deda o notebook novamente e reaparece a imagem do título da tese.<br />“SÍNDROME DE TOURETTE: NOVAS CATEGORIZAÇOES ORGOGÊNICAS, ESCATOLÓGICO-ORGOGÊNICAS E HEPTO-ORGOGÊNICAS.”<br />- Senhores, aqui que começo a explanar minhas descobertas e os propósitos deste estudo. Este estudo, senhores, busca recategorizar e recompartimentalizar as mais diversas sub-acepções da Síndrome de Tourette, reclassificando-as individualmente com as neológicas nomenclaturas que batizei de orgogênicas, escatológico-orgogênicas e hepto-orgogênicas. Explico.<br />Antes de Domenico começar a explicar, Gustavo Alcântara e Luciano Hummil olham simultaneamente para José Carlos Berlo. Os três encolhem os ombros. Continuam ouvindo a explicação.<br />- Vejam só a transcrição de um estudo de caso de manifestação de Coprolalia orgogênica.<br />No telão a imagem em vídeo de uma moça negra, gorda, nua, gritando:<br />[Olha só! Minha buçanha está ardendo da xavasca arregaçada na gonorréia da caralha azeda na bola do saco cabeludo. Putaquepariu, olha só! Olha só! ]<br /> - Agora, senhores, na segunda imagem vemos um estudo de caso de manifestação de Coprolalia escatológico-orgogênica.<br />Alguns da platéia deslocam-se do fundo do auditório para as poucas cadeiras vazias em frente ao telão. Nele a imagem de um homem branco, dos seus cinqüenta anos, nu, de pé, mão em concha na boca aos berros:<br />[Vai tomar! Vai tomar no meio da carne morta. Buracão do cuzão estufado de lombriga. Te botei no teu butão e arranquei até caroço de feijão! Aí! Né não? Vai tomar no cu sapatona, fanchona, viada da piranha da sua mãe viadona] - Por fim, vejam o último registro do mesmo paciente que, como já foi constatado, além de sofrer da Coprolalia do tipo escatológico-orgogênica, como acabamos de verificar, também manifesta a do tipo hepto-orgogênica:<br />[ Cavuquei o caralho escalavrado na bucetona inflamada da porra empurrada na prega arrebentada. Buceta encharcada de porra e de mijo e de chico fedorendo da vadia e de porra de mendingo acumulada! ]<br />Cinco minutos faltavam para o término da apresentação. Domenico tinha pleno controle da situação. Continuou a explanação:<br />- Vale aqui citar Roman Herticus, que no seu estudo “Tourette transtorn: extrems cases” afirma que estes transtornos se agravam habitualmente durante a adolescência e persistem freqüentemente na idade adulta e que os tiques vocais são freqüentemente múltiplos, com vocalizações, limpeza da garganta e grunhidos repetidos e explosivos, e por vezes, com a emissão de palavras ou frases obscenas, associadas em certos casos a uma ecopraxia gestual que pode ser igualmente obscena. Mas afirmo e categorizo que essa copropraxia não deve ser dissociada do gestual em novas acepções.<br />Domenico começa agora a dar o toque final em sua apresentação. Colocar o bolo na cereja. Mostrar a que realmente veio:<br /> - A partir dessas conclusões, senhores, a presente tese “Síndrome de Tourette: as novas categorizaçoes orgogênicas, escatológico-orgogênicas e hepto-orgogênicas.” , ineditamente especula e afirma que pode-se recategorizar e reclassificar em sub-categorias o transtorno de manifestação de Coprolalia, ainda não observadas até então. Saliento o ineditismo da descoberta. Tal especulação não fora feita nem pelos mais respeitáveis estudiosos do gênero. Não encontramos tal associação nem em Bagheri e Burd com o renomadíssimo texto "Recognition and management of Tourette's syndrome and tic disorders"; nem em Leckman e Cohen no Tourette's Syndrome—Tics, Obsessions, Compulsions: Developmental Psychopathology and Clinical Care; muito menos em Robertson MM com o clássico . <a href="http://brain.oxfordjournals.org/cgi/reprint/123/3/425.pdf" target="_blank">"Tourette syndrome, associated conditions and the complexities of treatment"</a> , ainda que pequenas e tímidas investidas acerca desse tema encontramos, não muito esmiuçadamente em Williams & Wilkins no artigo , pouco conhecido, Advances in Neurology, Volume. 99, Tourette syndrome.<br /><br />Fúlvio R. Junior afrouxa o nó da gravata, respira ofegante. Desconcentra Domenico por um instante que, logo, recompõe-se dando prosseguimento:<br />- Nosso estudo, ousa, portanto afirmar que o transtorno de manifestação de Coprolalia orgogênica associada a uma ecopraxia gestual, a dita copropraxia, se dá , simultâneo aos respectivos urros dos turpilóquios que lhe são próprios. Portanto, o proferimento, acrescentado ao exemplo do vídeo anterior, associa-se intrinsecamente ao gestual que veremos no vídeo a seguir: o movimento de fricção constante da palma da mão esquerda na extensão do braço direito desde o pulso até a região do bíceps, num movimento de vai-e-vem raivoso.<br />Magro, muito magro, um jovem também nu, cabelo black power desgrenhado, sem os dentes da frente, fala num tom raivoso, fazendo o gesto mencionado:<br />[ Orra! Caralho! Vou tochar um tronco do braço no cu da virgem maria e do jesus cristo e no padre marcelo rossi e no bispo macedo na putamerda até arrombar o rabo com o tronco do braço! Que raio sô! Diabo, capeta , putaquepariu vai tomar no cu. Ó! Ó! ]<br />Gustavo Alcântara acerta os óculos, ajeita-se na cadeira, demonstrando desconforto. Não estava entendendo muito, sentia-se como um peixe fora d’água. Continuou ouvindo atento Domenico:<br />- Continuando com o estudo, podemos afirmar que os transtorno de manifestação escatológico-orgogênicas pode-se associar a uma ecopraxia gestual. Contrariando todos os estudos que existem até hoje acerca deste tema, no vídeo a seguir, verificamos que esta segunda manifestação se dá , concomitantemente ao proferimentos dos respectivos turpilóquios que lhe são próprios, pelo gesto de união da ponta de todos os dedos da mão esquerda levados às próprias narinas e pela assustadora expressão de regozijo. Vejam o vídeo:<br /> O homem, no mesmo local que os anteriores, nu, deitado, cigarro entre os dedos, fezes espalhadas pelo corpo, urra à todos pulmões:<br />[ Vai mané? Aqui ó! Vai tomar no meio do buraco do seu cu arregaçado! Buceta azeda ! Aqui ó! Da puta-que-pariu da piranha da sua mãe viadona. Aqui ó! Aqui ó! Aqui ó!]<br />Enquanto o vídeo passava no telão, Domenico ouve ao longe o som que a faxineira da universidade faz com a vassoura, varrendo no estacionamento lá fora do auditório e, por breves segundos, sem querer, faz uma digressão. Pensa em como era paradoxal aquela situação. Ele ali dentro do auditório, imerso naquele aquário intelectual, no dia mais importante e tenso da sua vida, enquanto a faxineira no pátio cagava e andava para o que estava acontecendo lá dentro. Varria, varria e varria sem se dar a mínima conta do que eestava acontecendo lá dentro. Pensou, que neste mesmo instante, provavelmente várias pessoas estariam passando em alguns outros locais por momentos cruciais em suas existências, como o que ele estava, enquanto a vida corria normal lá fora, alheia a isso. Pensou em pessoas dentro de clínicas clandestinas prestes a cometerem um aborto, em pessoas tensas fazendo provas para concursos importantíssimos para suas vidas, em neurocirurgiões em meio às suas delicadíssimas cirurgias, em funcionários nervosos decorando o pedido de aumento pro seus chefes, em alunos fazendo a última prova do ano na escola, em velórios. Instantes cruciais na vidas dessas pessoas. Momentos tensos ou dolorosos que, circunscritos ao ambiente em que estavam, não interrompiam de maneira nenhuma no curso da vida externa. Locais fechados onde a tensão era extrema. Fechados como aquários. Aquários como aquele. Com seus peixes imersos, respirando suas próprias águas, presos às suas quatro paredes de vidro, corroendo-se de nervoso enquanto logo ao lado de fora, como ali no auditório da universidade, a vida corria solta: as faxineiras varriam, os pássaros cantavam, motoristas de ônibus aceleravam, transeuntes a passos rápidos cuidavam cada um da sua própria vida, crianças brincavam, aposentados jogavam damas na praça, mendigos mendicavam... pensou no egoísmo das pessoas. Que o maior mal do ser humano era o egoísmo, o autocentrismo. Achou irônico aquilo, nessa coisa louca da vida, na harmonia do cosmos que continuava e o mundo que girava, rotação e translação, rotação e translação...Riu consigo mesmo da situação. De repente, Domenico deu-se conta do momento de distração e retornou a si num susto, dirigindo-se repentinamente ao microfone: - Por fim, concluímos que o terceiro transtorno de manifestação de Coprolalia, o que classificamos de hepto-orgogênicas, associada também a uma ecopraxia gestual. Esta por sua vez , concomitante com o gestual de apalpar frenético da região genital, num movimento horizontal-vertical e vertical-horizontal, espasmódico e irregular, às vezes retilíneo às vezes não. Como no vídeo do paciente a seguir:<br /> [ Cavuquei porra! Segura no mastruço. Ó só seu porra, ó só! Cavuquei o caralho escalavrado na bucetona inflamada da porra empurrada na prega arrebentada. Ó só seu porra, ó só! ]<br /> Domenico vê que, cronometradamente, termina a apresentação. Dá uma pausa no vídeo que está no telão, clica outro botão e sobre a imagem congelada do homem gordo, preto, barrigudo, nu, aparece, sobreposta, novamente, o título da tese.<br />Olha pra banca e vê que os avaliadores Fúlvio R. Junior, Derley Macedo de Bastos, Gustavo Alcântara, Luciano Hummil, e José Carlos Berlo e Castro estão de pé gritando “Bravo”, “Bravo” “Bravo”, “Bravo”.<br />Domenico, sem se envaidecer, impassível, desce do palco em direção ao diploma de Pós-Doutor e à garrafa de Perrier-Jouët.<br /></div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-60835163849771893202010-09-16T00:20:00.000-07:002010-09-16T00:21:17.262-07:00ABSOLVIÇÃO<div align="justify"><br />Eu era um pervertido, senhores jurados. Só podia ser o Inimigo. Ele que me fez fazer essas barbaridades, senhores jurados. Como é que pode? Eu, Domenico Soares Fialho de Souza, pai uma filhinha linda, a doce Gislaine, médico, formado em psiquiatria, clínico geral há mais de 30 anos, professor universitário, homem de bem... O Inimigo me obsediava, me forçava a fazer essas atrocidades.<br />A acusação, como os senhores puderam ver, apóia-se em argumentos psicanalíticos contra mim. Eu refuto. E, de memória, cito José Guilherme Merquior, no texto “A superstição psicanalítica”, que afirma que o poder de sugestão da psicanálise é enorme, – e no mínimo, bem maior do que a sua capacidade de cura.<br />Sabem porquê digo isso? Porque eu sempre fiz análise, freudiana, e cheguei até a acreditar que o problema era comigo. Superstição pura esse negócio de psicanálise, senhores jurados. Os preços mirabolantes das consultas acabaram com a minha poupança no Itaú. Eu, na época, achava mesmo que a análise um saber racional, e não como um simples curandeirismo sofisticado. Eu estava tão cego pelo processo, senhores jurados, que eu não percebia que estava sob o tal efeito iatrogênico: do mal causado pelo próprio tratamento clínico. Minha freqüência era tanta que eu já partia para a análise já familiarizado com a doutrina e passava a estudá-la no curso do tratamento. Eu acabei virando um analista amador, maniacamente propenso a interpretar o meu próprio comportamento, e os das outras pessoas, com as categorias de Freud - para não falarmos na chatice com que eu insistia no proselitismo .<br />Hoje, com a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, eu enxergo o mal que fiz e sei que estou curado.<br />[ dois dos jurados gritam “Aleluia!”]<br />[ o juiz pede silêncio]<br />Eu era ingênuo, senhores jurados. Ficava ouvindo aquela cantilena de “ Complexo de Édipo” e o tal analista supunha que meu “complexo” resultava de uma fixação na sexualidade infantil, de um ciúme meu, quando criança, em relação ao desempenho sexual dos meus pais, e a repressão desse complexo tinha dado origem a esse meu comportamento quando adulto. Mas, senhores jurados, os senhores não concordam que a taxa de temas de conflito entre pais e filhos do mesmo sexo é, de fato, significativamente mais alta que entre pais e filhos de sexos diferentes? O senhores sabiam, senhores jurados, que os nativos das ilhas Trobiand não conheciam pulsões edipianas ? O triângulo sentimentalmente decisivo, como eu acho, envolve o filho, a mãe e o tio materno (em vez do pai), e a hostilidade do filho pelo irmão da mãe assinala um deslocamento da rivalidade com o pai, nas sociedades patriarcas. Mas o problema é que o tio materno no arquipélago de Trobiand nem sequer coabita com sua irmã. Portanto, a “cena familiar”, cerne da explicação freudiana, desaparece, antes mesmo de poder deslocar-se. Enganação pura não é senhores jurados? Não fica claro, senhores jurados, que a hipótese aventada por Freud não possui nenhum fundamento comprovável?<br />Que devemos concluir dessa lógica bifronte, senhores jurados? Que as explicações de Freud são do tipo preso por ter cão, preso por não ter. Os psicanalistas costumam apontar, com orgulho, para o fato de Freud ter mostrado que “tudo tem significação” em nossa vida. Mas, justamente, trata-se de não prejulgar o significado das nossas experiências. Por isso é que a moderna filosofia da ciência estipula que, quanto mais uma teoria exclui, mais falsificável ela se torna, e, por conseguinte, mais sujeita ao teste empírico. O mal da psicanálise é que ela padece de um tremendo apetite de inclusão: forceja por adaptar tudo, mesmo o contraditório, às suas pseudo-explicações. Quando se vai ver, caímos no vício que Chesterton ridicularizava em certos biógrafos: a mania de achar tudo tão “significativo”, que, “se o biografado deixa cair seu cachimbo, isso é sinal de sua característica negligência; mas se ele o apanha, isso é típico de seus hábitos cuidadosos...”<br />[todos riem]<br />Não podem haver, senhores jurados, argumentos psicanalíticos que possam explicar esse meu deplorável comportamento no passado.<br />Vastamente furada como explicação da vida psíquica, pasmosamente ineficaz como terapia, a psicanálise se assemelha àquela faca de Lichtenberg: uma faquinha sem cabo, à qual, por outro lado, só faltava a lâmina...<br />Inclusive, senhores jurados, eu, na época, como a maioria dos analisandos “esclarecidos” , achava que a questão da cura já era. Que “o importante é a gente se conhecer a si mesmo”, inclusive porque, como sabemos, neurose por neurose, “todo mundo é neurótico.” Um absurdo senhores jurados. Meu vício continuava. Eu sabia que fazia mal às pessoas e continuava.<br />Senhor jurados, eu sei que alguns dos senhores são freqüentadores da mesma igreja que eu, e que os senhores e as senhores não hão de negar que o Mal nos obsedia. Quando estamos desprotegidos, o Inimigo nos persuade, nos convence, nos induz.<br />O Inimigo me fazia adorar o medo que eu provocava. E o Inimigo me fazia aproveitar desse poder que o médico tem sobre o corpo do paciente. E eu aproveitava. Eu não! Ele, habitando em mim! O corpinho inocente, limpo, nu, como num altar pra ele. Os gemidinhos...aqueles gemidinhos fininhos enquanto eu fazia aquelas coisas. Ele me fazia adorar os gemidinhos. Fui fraco. Me deixei levar. Dezenas, centenas de inocentes.<br />Eu sei, eu sei que errei. Mas mais do que errar, sei que pequei. Me arrependo disso, e sei que hoje estou curado de todo aquele mal. Sou um homem de bem. Glória a Deus!<br />Esse meu testemunho, senhores jurados, não só um testemunho para todos nesse tribunal que estão me ouvindo, mas um testemunho de fé. </div><div align="justify"><br />Aleluia!</div><div align="justify"><br />[ Aleluia!]</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-67808723873529913802010-09-16T00:19:00.001-07:002010-09-16T00:19:59.367-07:00DÉJÀ VU<div align="justify"><br />Três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra, não me acostumei ainda, serviço de retardado, não exige raciocínio nenhum, não sei porque eles não robotizam essa merda toda, essa caralhada de idiotas apertadores de anilha nessa merda de linha de produção não só servem pra isso - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - macaco de laboratório,macaco de laboratório, assim que eu me sinto, igual aqueles macacos da Nasa que são condicionados a fazerem uns trabalhos repetitivos mil, cem mil vezes- três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei -não é um trampo difícil, mas é cansativo pra caralho, essa porra dessa esteira parece que não tem fim nessa merda dessa fábrica,cansa pra caralho o punho direito - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra, já tô à quatro dias nesse trampo e ainda não me acostumei ainda, o negócio é não dar mole pra deixar acumular na linha que aí dá uma correria do cacete porque além de ter que dar conta das que vão vir na mesma velocidade ainda tem que desabafar as que vão acumulando na linha - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - não pode dar mole, tem que meter o cacete,mas já to todo suado,que horas deve ser agora? Porra, turno de dez da noite às seis da manhã é foda, todo mundo dormindo e essa cambada de semi-analfabeto ralando de madrugada nessa barulheira do caralho, e o pior é que eu não to conseguindo dormir de dia por causa do caralho da serralheria do lado da parede do meu quarto - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra, caralho, acumulou essa porra e o Nilton disse que se o filhadaputa do encarregado ver acumulado ele mete o esporro, chama de burro e o caralho - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - tá foda, minha mão tá latejando pra caralho, porra! - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei -desabafei essa merda mas tá foda do pulso que parece que abriu tá latejando, vou ver se eu apoiar o cotovelo esquerdo na barriga pra ver se dá uma aliviada na dor do pulso e diminuir a canseira - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - caralho, filhadaputa da porra desse bildoque de apertar o lacre que tá escapando direto e eu não tô conseguindo apertar essa merda direito, porra tá acumulando de novo essa... - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - vô meter o cacete pra adiantar umas três de vantagem na linha, que quando eu cansar eu vou ter uns seis segundos pra dar uma descansada no braço - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - agilidade!agilidade! - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei – porra, já tô encharcadão de suor porra! - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei – tá foda - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - essa merda dessa luva eu falei pro Nicão que tava folgada desde ontem e o desgraçado não trocou, eu devia mesmo era falar pro segurança de trabalho prele trocar essa merda, amanhã assim que eu sair daqui eu vou ver com ele - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei – merda , será que são que horas? Agüentar nesse pique até as seis da manhã vai ser foda, assim que eu conseguir ver com o Damião, o coroa porteiro lá do prédio que a Marilene mora, o lance da gente ir na vinte e cinco de março e na galeria pajé buscar umas muamba e uns dvd pirata, eu pego a barraca dele emprestado e meto lá no calçadão do centro da cidade e rapo fora dessa porra desse serviço de merda - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra prefiro correr do rapa que ficar o resto da minha vida... - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três, ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei -vontade de mijar do caralho, vontade de mijar do caralho- três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - a besta do Nilton disse que o trampo era manero, moleza e tal, e fui emburacar e parar nessa furada do caralho - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - maior brabeira ficar igual um robô fazendo a mesma porra toda a noite, todos os dias, o ano inteiro, a vida inteira, olha só a cara daquele coroa ali, maior cara de débil mental, essa porra atrofia o cérebro ficar só nessa merda de “ três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei ” , que o Nilton me ensinou e disse que era moleza que o macete era decorar essa merda e na hora que viesse na linha eu executasse contando direitinho - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - mas o foda é justamente isso, a gente ou fica retardado com essa porra ou fica maluco, porque desde o dia que eu comecei, nas poucas horas que eu consegui dormir em casa eu ficava sonhando com essa porra toda, sonhando que estava exatamente nesse lugar fazendo essa mesma merda, porra sonho não! pesadelo! - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - Pesadelo isso sim, eu tinha era que ganhar hora extra pra ficar sonhando com essa merda em casa e também quando eu to andando na rua que eu fico repitindo essa merda na cabeça. caralho acumulou de novo - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - vontade de mijar, vontade de mijar - - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei -- três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - vou fazer um sinal com a cabeça pro coroa ali da esteira da frente pra ver se dá prele dar um toque no encarregado pra botar alguém aqui pra me render preu dar uma mijada no banheiro - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - caralho! o caduco do velho não tá olhando pra minha cara ele fica compenetrado naquela merda de esteira - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei -acho que o encarregado tá vindo pra cá, não dá nem preu gritar ele nessa barulheira do caralho, me viu, me viu, isso! Isso mesmo! Mijar! - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - agora não? Agora não o caralho, porra vou mijar na calça - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei – pode ir? valeu! valeu!<br /> - Vai num pé e volta no outro Junior! Rapidinho, rapidinho! A gerência disse que a gente tem que acabar esse lote antes de amanhecer o dia... Vou colocar o Nilton aí no seu lugar...<br /> Porra do caralho, filhadaputa de desumanidade nessa merda, não dá nem pra mijar direito, até tempo pra bater punheta essa merda desse encarregado deve ter...vou aproveitar pra beber uma água li no bebedouro porque eu tô cuma sede do caralho, meu uniforme tá ensopado, olhando daqui a sincronia dos piões lá na esteira parece que eles são um monte de robozinho, engraçadaço, porra vô voltar pra linha que o Nilton deve tá puto pra caralho, já to há dois minutos fora da linha, doideira mesmo é essa lâmpada na porta dos banheiro que ascende quando a gente fecha a porta pro encarregado cronometrar o tempo que a gente fica dentro, se já não bastasse a porra da privada que é um buraco no chão só pra gente ter que cagar rapidinho por causa da dor de rer que ficar agachado, só índio consegue cagar na boa desse jeito, mas já nasceram cagando desse jeito, porra xô vê que horas são aqui no celular, uma e quarenta e três da madruga, putaquepariu vô ter que ficar até às seis da manhã nessa merda . Que porra de chamada não atendida é essa aqui no celular? É da Marilene. Que que será que a Marilene quer falar comigo a essa hora? Porra Nilton, tô chegando! Tô chegando!<br /> -Valeu Nilton! Vai lá!<br /> (...) três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra! Porque que a Marilene vai me ligar a essa hora quase uma hora da manhã? Porra a vadia deve tar dando pra alguém e me ligou pra ter certeza que eu taria aqui ... - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - a Marilene tava com um papo brabo do caralho que queria terminar e tal e assim que eu disse que o Nilton tinha me arrumado esse trampo ela ficou eufórica pra caralho, e mudou de prosa , aposto que é porque ia dar prela me chifrar na moral, eu trabalhando na madruga todo dia aqui, a alegria dela não tinha nada a ver com o fato de eu ter saído do desemprego e tal e mesmo na época que eu tava trampando de ajudante de pedreiro lá na obra do Seu Valmi que eu tava desconfiando que ela tava me botando o galho - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei -porra acumulou de novo - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - merda de lacradeira que beliscou meu dedo! caralho! tá doendo pra caralho! - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - vô tentar apertar com a esquerda os dois bocais pra aliviar a dor do dedinho, ainda bem que não chegou a machucar fundo, maior vacilo na primeira semana no trampo já ir saído de licença médica porque machucou de bobeira, maior queimação de filme - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra de trampo filho da puta repetitivo, que não muda nada, porra,inferno essa merda, aposto que o inferno deve ser uma grande fábrica com uma esteira infinita que a gente tem que ficar a eternidade inteira fazendo essa porra. Essa merda deixa doido porque não aumenta nem diminui a velocidade, não muda nada, o tempo todo essa porra, vou ficar é maluco isso sim - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra ainda falta umas quatro horas de expediente preu rapar fora daqui, maior furada essa merda - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra, ficar a noite inteira, todos os dias do ano, vários anos, até aposentar nessa merda é coisa de maluco, tinha que botar neguinho autista nesse caralho - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - aquele coroa ali tá há tanto tempo nessa merda que ele tá até meio abobalhado - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - porra de sensação estranha que parece que já aconteceu comigo essa merda que tá acontecendo agorinha mesmo, que eu já pensei isso que eu tô pensando, que aquele camarada de macacão passou ali do lado da máquina três e acenou a cabeça pro encarregado. Isso mesmo, isso mesmo porra! Parece que eu to adivinhando o que tá acontecendo porque já aconteceu comigo igualzinho essa porra - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - caralho, será que eu tô ficando maluco? - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei – que merda! acumulou de novo essa porra... - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - caralho será que eu tô ficando maluco? - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei - três apertadas no bocal esquerdo,um, dois, três, ôquei, três apertadas no bocal direito um,dois,três,ôquei,confere o lacre o bujão e a anilha, ôquei (...)</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-47717456827591480812010-09-16T00:18:00.001-07:002010-09-16T00:18:52.308-07:00AUTO-AJUDA<div align="justify"><br />Por que você não se mata, einh? Você é um bosta, cara! Você é um peso na vida de todo mundo. É só perguntar por aí. Ninguém vai com a sua cara gorda. Você é mesquinho, covarde, egoísta, invejoso, fraco, servil, capacho, fracassado, inútil. Por que você não se mata, porra? Einh? Responde porra! Levanta a cabeça e responde! Eu tô falando contigo! A sua simples existência incomoda as pessoas. Têm medo delas, das pessoas. Gordo misantropo. Se entope de remédios pra Síndrome do Pânico que já não estão mais funcionando. Você sabe que é um fraco, um inútil. Tá estampado na sua cara de merda esse puta complexo de inferioridade que cê tem. É sim, cara! Eu sei disso, você sabe disso, todo mundo sabe disso. Como naquela vez em que você, curvado de timidez e humilhação, respondeu aquela idiotice pra balconista da livraria que havia recusado seu convite prum chopp. Ela perguntado: “O quê? Não entendi o que você disse. Desculpar a sua insistência?” e você repetindo , pernas bambas, sussuro: “Não. E-eu disse “desculpe a minha existência”. Desculpe a minha existência ? Desculpe a minha existência ? Porra! Isso é papel que se faça cara? Rastejar assim. Um porco-lesma balofo deixando um rastro patético e viscoso de humilhação e vergonha. Rastro como o da bosta que desliza lenta na louça da privada que caga de medo várias vezes por dia. Se ainda fosse só isso... Sua aparência. Sua aparência, cara, é ridícula! Seu corpo rotundo é ridículo, sua cara gorda sempre molhada de suor é nojenta pra caralho! O pior são essas sobrancelhas grossas e juntas. Um Monteiro Lobato adiposo, medroso e fedorento, com iguais ridículas sobrancelhas grossas e juntas, mas sem talento nenhum pra escrita. Feio pra caralho. Brega, cafona, sem noção. Ridícula a maneira como você se veste. Eu sei disso, você sabe disso, todo mundo sabe disso. Você fede. Fede a suor quando tá nervoso. Sua muito na virilha, fica assado como um bebê cagão gigante. Encharca a cueca e a calça com tanto suor. Cheiro acre de suor de virilha de gordo que, repugnante, afasta as pessoas. Mistura de suor de bunda e resto de merda que exala azedo a metros de distância. A grande bola de merda fedorenta. Suor em abundância nos genitais sem higiene. As dobras e reentrâncias em carne viva. Haja ipoglós no bebezão. Sua pra caralho aqui na parte do suvaco também. Aqui mesmo ó, nessa mancha molhada. Puta nojeira. Ô gordão! Levanta a cabeça e olha pra mim enquanto eu falo com você! Seja homem! Nem disso você tem certeza né? Que é homem. Não age como um homem. Não encara a vida de frente. Você se esconde na sua covardia e na sua obesidade. Como naquele dia da balconista da livraria. Porra, era previsível o fora que ela ia te dar e você sabia disso, mas mesmo assim foi lá encher o saco da garota. E no final ainda me faz esse papelão. Cena deprimente. “Desculpe a minha existência !” Tu é um merda mesmo. Acha que as pessoas vão ficar com peninha de você ? Po-rra ne-nhu-ma! Tá todo mundo cagando pra sua miséria. Você é um peso morto, um saco de gordura contendo <a href="http://www.bulas.med.br/index.pl?C=A&V=66506F737449443D37353530266163743D73686F7752656164436F6D6D656E7473">Arotin</a> 20 mg, <a href="http://www.bulas.med.br/index.pl?C=A&V=66506F737449443D36363537266163743D73686F7752656164436F6D6D656E7473">Pondera</a> 20 mg, <a href="http://www.bulas.med.br/index.pl?C=A&V=66506F737449443D37333238266163743D73686F7752656164436F6D6D656E7473">Procimax</a> 20 mg, Zolof 50 mg, Mestinon 60 mg, Alcytam 20 mg, Cipramil 20 mg e Apraz 2,0 mg, tudo fora do prazo de validade. Seu tempo de validade acabou. Tô falando: se mata cara! Vai. Me dá aí um motivo pra você não se matar!? Um motivo só! Unzinho! Sua mulher não te ama, você sabe muito bem disso. Seus parentes te tratam como retardado. Seus alunos não te respeitam. Como escritor, você é um fracassado. O que? A merda do livro de auto-ajuda que você cismou em escrever ? Uma farsa, cê sabe. Nem você acredita naquela besteirada toda: viver feliz, fazer fortuna, amor-próprio, fazer amigos. Queria convercer a quem, cara? Logo você? Puta paradoxo! Pegou a fórmula e ingenuamente achou que ia fazer um sucesso ducacete, né? Ficou uma merda o livro, eu sei disso, você sabe disso, todo mundo sabe disso. Bancou a edição do bolso e tá tudo empilhado lá na sua casa. Daqui há uns meses você vai estar devendo a Deus e ao mundo. E principalmente à porra do seu tio que joga na sua cara todo dia a quantia do empréstimo que ele te fez pra bancar as impressões. Uma fortuna, cê sabe. Falido. Você tá fudido cara, fudidaço. Não tem jeito não. Se mata porra! Toma veneno, corta os pulsos, se enforca, pula da janela, come caco de vidro, sei lá. Mas dá cabo logo dessa vida de merda. O prazo de validade acabou, eu já falei. Encara a realidade rapá! Se mata! Seu covarde. Nem pra isso você tem coragem, né? Tô vendo nos seus olhos que você não tem coragem. Eu até te ajudo. Tô falando na boa. É só você me autorizar que eu meto uma bala no meio dessa sua cara gorda suada. Aqui ó. Na testa. Acabo com a tua desgraça. Te faço esse favor. Na verdade vai ser um favor pra todo mundo. Pá-pum, sumiu o gordo. Desapareceu o inútil, o desgraçado! Faço sim. Te dou essa ajuda. Olha pra mim enquanto eu falo com você! Eu falei pra você olhar pra mim! Aqui ó, no meio da sua testa. Aqui onde eu tô botando o dedo. Finalmente eu separo essa merda dessas suas sobrancelhas juntas. Essa coisa nojenta. Com um rombo. Pum! Cê não vai nem sentir. Sangue e miolo mole espalhado na parede. Vai fazer um pouco de sujeira, eu sei, mas foda-se. Os outros que limpem. Tá até aqui a arma. Olha só que buniteza. Carregadinha. Não tem como falhar. Aqui ó. No meio das sobrancelhas juntas. Posso? Einh, posso?</div>A-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-349813175011853547.post-467913722770782972010-09-16T00:16:00.000-07:002010-09-16T00:17:56.318-07:00TORPEDODe: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 20:29:28<br />Catarina ñ me liga mais<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 20:45:31<br />Ok, ñ ligo. M squece tbm. <br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 21:09:20<br />Naauumm! Quis dizer q vc ñ tem me ligado mais [ eskci finalisar o ponto - ?]<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 21:16:44<br />Ah, sim! kuidado na scrita – qse q a gnt termina. <br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 21:27:04<br />Vm nos encontrar hj ? <br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 21:38:55<br />Hj ñ vai dar, vou sair com o Pedro. Foda gostosa.<br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 22:01:43<br />Q sculacho é esse?<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 22:15:30<br />Ñ sou só sua. Ñ temos compromisso. Lembra?<br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 22:22:06<br />Lembro. Mas ñ precisa sfregar na cara.<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 22:37:32<br />Que isso? Sentiu ciúmes? Sei q tbm tem outras.<br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 22:48:08<br />Nadavê. Ñ sou seu dono. Só ñ precisa sfregar na cara.<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 23:11:33<br />Pedro tem o pau maior q o seu. M faz gozar 3 x. :@<br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 23:20:22<br />Ñ sculacha. Falta de respeito. Pq faz isso comigo?<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 23:25:31<br />Macho ferido na vaidade?<br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 23:33:56<br />Nunca te dei detalhes dos meus outros casos. Exijo respeito!<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 23:42:31<br />Entaum vai a merda seu frouxo. Tem moral de me assumir?<br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 23:49:28<br />Vc nunca disse q queria...Só foda sem compromisso...<br /><br />De: Catarina - Enviada: 10 ago. 2007 23:55:31<br />Isso msmo. Só sexo. Sem compromisso. Só q prefiro o seu irmão Pedro na trepada.<br /><br />De: Fábio - Enviada: 10 ago. 2007 23:58:25<br />Vagabunda! Puta! <br /><br />De: Fábio - Enviada: 11 ago. 2007 05:14:21<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 11 ago. 2007 06:25:14<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 11 ago. 2007 15:38:29<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 12 ago. 2007 20:12:27<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 15 ago. 2007 04:04:47<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 02 set. 2007 03:55:08<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 16 out. 2007 17:42:59<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 04 nov. 2007 11:33:41<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 25 dez. 2007 06:16:32<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 07 mai. 2008 03:09:36<br />Desculpa Catarina.Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDA<br /><br />De: Fábio - Enviada: 30 jul. 2008 04:07:23<br />Desculpa Catarina. Te amo. Ksa comigo. // MENSAGEM NÃO RECEBIDAA-LEX GOMEShttp://www.blogger.com/profile/06794862992673342191noreply@blogger.com0