quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

DESENTENDIMENTO

-Aê, ô gostosa! –ela me disse.
                Ajeitou o saco na calça, escarrou no chão, estilo estivador tosca.
-Coé, meter-lhe é a porrada. Tá me achando com cara de viado? Ô escroto!
               Cheguei a calcinha pro lado, botei  pau pra fora, agachei e dei um mijão. Coisa de macho marcando território, fazendo xixi cheiro forte.
-Ô... lá em casa! – continuou, sussurrando pra namorada, olhando pra minha racha.
                De baixo da língua, enfática, sem papas (paga pela minha filha a drenagem linfática...).
-Aê, cumpadi! Me respeite, não sou uma vagabunda qualquer!
            Continuei puto.
-Sou puta sim, meu ponto é na encruzilhada.
-Fudeu! Gilete!
Falou por trás o bofe, barba hirsuta, batom torto, comprou a briga de galo, entrou  na frente, histérica.
-Galinha! Mulher de malandro, quem bate nela, aqui, só eu! Fera louca, corto pros dois lados!
             Saí do salto.
O armário saiu e, duvidando de mim, deu o peito cabeludo pra eu cortar.
Dei. Uma vez só. Doeu.
No meio do cabelo, entre os seios, abriu.
Um buceto.
-É a casa da caralha!
            Sangue.
-Chico!
O outro, histérica, rodou o baiano e pra cima de mim, ferida.
-Viada!
            Veio com tudo. Paudurescência, veia dilatada.
- Seu Exu! Vou meter-lhe...
Meu útero-traca-rua em fúria.
- Vem porra! Sujeito homem que sou! Como caco de vidro...
             Engoliu a seco. Cuspi na cara do cara.
-Tá fudida! Maria Mulambo, isso sim!
           Entrou com tudo.
           Quebrou a cara.
No espelho.
Estilhaçado.Sete anos de azar...
Pó de vidro, pankake & sangue & narinas brancos.
Tudo virou purpurina.

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