quinta-feira, 16 de setembro de 2010

AUTO-AJUDA


Por que você não se mata, einh? Você é um bosta, cara! Você é um peso na vida de todo mundo. É só perguntar por aí. Ninguém vai com a sua cara gorda. Você é mesquinho, covarde, egoísta, invejoso, fraco, servil, capacho, fracassado, inútil. Por que você não se mata, porra? Einh? Responde porra! Levanta a cabeça e responde! Eu tô falando contigo! A sua simples existência incomoda as pessoas. Têm medo delas, das pessoas. Gordo misantropo. Se entope de remédios pra Síndrome do Pânico que já não estão mais funcionando. Você sabe que é um fraco, um inútil. Tá estampado na sua cara de merda esse puta complexo de inferioridade que cê tem. É sim, cara! Eu sei disso, você sabe disso, todo mundo sabe disso. Como naquela vez em que você, curvado de timidez e humilhação, respondeu aquela idiotice pra balconista da livraria que havia recusado seu convite prum chopp. Ela perguntado: “O quê? Não entendi o que você disse. Desculpar a sua insistência?” e você repetindo , pernas bambas, sussuro: “Não. E-eu disse “desculpe a minha existência”. Desculpe a minha existência ? Desculpe a minha existência ? Porra! Isso é papel que se faça cara? Rastejar assim. Um porco-lesma balofo deixando um rastro patético e viscoso de humilhação e vergonha. Rastro como o da bosta que desliza lenta na louça da privada que caga de medo várias vezes por dia. Se ainda fosse só isso... Sua aparência. Sua aparência, cara, é ridícula! Seu corpo rotundo é ridículo, sua cara gorda sempre molhada de suor é nojenta pra caralho! O pior são essas sobrancelhas grossas e juntas. Um Monteiro Lobato adiposo, medroso e fedorento, com iguais ridículas sobrancelhas grossas e juntas, mas sem talento nenhum pra escrita. Feio pra caralho. Brega, cafona, sem noção. Ridícula a maneira como você se veste. Eu sei disso, você sabe disso, todo mundo sabe disso. Você fede. Fede a suor quando tá nervoso. Sua muito na virilha, fica assado como um bebê cagão gigante. Encharca a cueca e a calça com tanto suor. Cheiro acre de suor de virilha de gordo que, repugnante, afasta as pessoas. Mistura de suor de bunda e resto de merda que exala azedo a metros de distância. A grande bola de merda fedorenta. Suor em abundância nos genitais sem higiene. As dobras e reentrâncias em carne viva. Haja ipoglós no bebezão. Sua pra caralho aqui na parte do suvaco também. Aqui mesmo ó, nessa mancha molhada. Puta nojeira. Ô gordão! Levanta a cabeça e olha pra mim enquanto eu falo com você! Seja homem! Nem disso você tem certeza né? Que é homem. Não age como um homem. Não encara a vida de frente. Você se esconde na sua covardia e na sua obesidade. Como naquele dia da balconista da livraria. Porra, era previsível o fora que ela ia te dar e você sabia disso, mas mesmo assim foi lá encher o saco da garota. E no final ainda me faz esse papelão. Cena deprimente. “Desculpe a minha existência !” Tu é um merda mesmo. Acha que as pessoas vão ficar com peninha de você ? Po-rra ne-nhu-ma! Tá todo mundo cagando pra sua miséria. Você é um peso morto, um saco de gordura contendo Arotin 20 mg, Pondera 20 mg, Procimax 20 mg, Zolof 50 mg, Mestinon 60 mg, Alcytam 20 mg, Cipramil 20 mg e Apraz 2,0 mg, tudo fora do prazo de validade. Seu tempo de validade acabou. Tô falando: se mata cara! Vai. Me dá aí um motivo pra você não se matar!? Um motivo só! Unzinho! Sua mulher não te ama, você sabe muito bem disso. Seus parentes te tratam como retardado. Seus alunos não te respeitam. Como escritor, você é um fracassado. O que? A merda do livro de auto-ajuda que você cismou em escrever ? Uma farsa, cê sabe. Nem você acredita naquela besteirada toda: viver feliz, fazer fortuna, amor-próprio, fazer amigos. Queria convercer a quem, cara? Logo você? Puta paradoxo! Pegou a fórmula e ingenuamente achou que ia fazer um sucesso ducacete, né? Ficou uma merda o livro, eu sei disso, você sabe disso, todo mundo sabe disso. Bancou a edição do bolso e tá tudo empilhado lá na sua casa. Daqui há uns meses você vai estar devendo a Deus e ao mundo. E principalmente à porra do seu tio que joga na sua cara todo dia a quantia do empréstimo que ele te fez pra bancar as impressões. Uma fortuna, cê sabe. Falido. Você tá fudido cara, fudidaço. Não tem jeito não. Se mata porra! Toma veneno, corta os pulsos, se enforca, pula da janela, come caco de vidro, sei lá. Mas dá cabo logo dessa vida de merda. O prazo de validade acabou, eu já falei. Encara a realidade rapá! Se mata! Seu covarde. Nem pra isso você tem coragem, né? Tô vendo nos seus olhos que você não tem coragem. Eu até te ajudo. Tô falando na boa. É só você me autorizar que eu meto uma bala no meio dessa sua cara gorda suada. Aqui ó. Na testa. Acabo com a tua desgraça. Te faço esse favor. Na verdade vai ser um favor pra todo mundo. Pá-pum, sumiu o gordo. Desapareceu o inútil, o desgraçado! Faço sim. Te dou essa ajuda. Olha pra mim enquanto eu falo com você! Eu falei pra você olhar pra mim! Aqui ó, no meio da sua testa. Aqui onde eu tô botando o dedo. Finalmente eu separo essa merda dessas suas sobrancelhas juntas. Essa coisa nojenta. Com um rombo. Pum! Cê não vai nem sentir. Sangue e miolo mole espalhado na parede. Vai fazer um pouco de sujeira, eu sei, mas foda-se. Os outros que limpem. Tá até aqui a arma. Olha só que buniteza. Carregadinha. Não tem como falhar. Aqui ó. No meio das sobrancelhas juntas. Posso? Einh, posso?

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