quinta-feira, 16 de setembro de 2010

SÓ DE MÃE


A única. A velha é a única que vem me visitar. Cadê as vagabunda toda? Nunca vieram aqui. Amor de vagabunda não existe. Só na hora da foda: gemidinho, gemidinho, meu amor e tal, mas cadê que vêm aqui me visitar nesse inferno? Nove filhos com seis mulheres é que eu tenho. Me chama de meu amor só quando tá com o cacete atolado na buceta. Soca na minha buceta. Soca na minha buceta. Cambada de vadia. Por isso que eu meto a mão na cara das vadia mesmo. Bati em todas. Bagulho frenético, responsa. Boto fé. Parei aqui nessa merda porque também eu baixei o piau na última. Cismou que queria ter a porra do filho. Peguei pesado. Desci o sarrafo. Sétimo filho de um vagabundo batedor de carro igual a eu? De jeito nenhum. Meti a porrada mesmo. Aí o chutão pegou bem no umbigo do barrigão. Abortou. Cagou o moleque ali mesmo. Nem senti remorso. Também já não tinha como desabortar. Teimosa pra caralho, se tivesse me ouvido na moral, eu até pagava a parteira lá da comunidade pra tirar. Teimosa. Porra! Mais um caralho de um bacuri pra me pedir pensão? Tem o filho, mete a bunda no meu pé e depois pega a pensão pra sustentar e dar a buceta prum outro negão desocupado qualquer. Eu corno? Pucaralho! Pra mim, gabiru nunca vai ficar corcova. Igual as outra muquirana. Já fui preso quatro vez só por pensão e agressão. Nessa do bicudão na barriga é que estarraram o bagulho. Assasinato. Assassinato porque? O moleque nem tinha nascido porra, nem célebro o porra tinha! A vadia meteu adevogado e o caralho. Nem sei quanto tempo eu vou mofar nessa merda. Anos sem meter numa buceta. Nem visita íntima eu tenho nessa porra. Alguma das seis vagabunda me visitou? Tudo mãe de filho meu. Tudo filha da puta! Pucaralho! Só a velha vem aqui. Às vezes nem dá pra ver ela me ver direito quando rola a muvuca na porta da cela. Mãe! Mãe! Todo mundo querendo ver a sua. Dô mole não, grudo na grade bem cedo em dia de visita pra tentar ver a velha nem que seja de longe. Tem que sair na porrada pra olhar no olhinho miúdo dela. Nunca esqueceu de me levar o bolinho de chuva, que eu adoro. E ela sempre diz: te amo meu filhinho. E a visita é rápida. Triste pra caralho. O Cavera que é o tatuador daqui vive resmungando que se arrepende de ter matado a mulher que ele amava. Que tem saudade do cheiro da buceta dela. Que ama ela. Ele era é chapéu-de-touro manso. A mulher dele dava a buceta geral. Mas o touro-manso embrabou. Por isso que ele passou ela. Várias facada na buceta. Fez mais seis buceta nela pra ela dar mais. “Qué dá essa buceta pra todo mundo? Então vou te fazer mais seis”. O Cavera me falou. E eu falo: buceta de vadia é o caralho! Foda-se! Só a velha mesmo. Eu falo pra ele. Dá moral é pra sua velha. A velha vem, a velha passa na revista. A velha nunca me falou que é pra eu não ficar baxastral, mas eu sei, maior humilhação na revista íntima: fica de quatro e enfia a mão quase inteira nela pra ver se tem celular. Mandam ela agachar e metem uma lanterna de novo nela pra ver se tem serra malocada. Me bateram essa fita. Fico revoltado! Serrote enfiado na minha velha? A velha é pura, cara! Senhora de respeito. Trabalhadera, viúva. Não dá pra ninguém. Só deu pro meu pai foi quando eu nasci. Ali não entra nada. Só saiu foi eu quando eu nasci. E agora vêm esses filha da puta catucarem a da minha velha pra ver se tem maconha, serrote, celular. Troço escroto à vera.! A velha tem 63 anos. Humilhação braba que a velha passa. Tudo por mim. Arreganha lá as pernas e deixa eles barbarizarem ela. E ela se deixa se revistar só pra me ver. Só mãe mesmo. Pergunta se alguma daquelas vadia ia se passar por isso? Naquelas buceta arreganhada é que ia cabê até celular tijorola, metralhadora UZI, HK, PT 380, granada maconha, pedra e o escambau. Cambada de bucetuda covarde. Mas isso elas não qué não! Nem parente , nem primo, nem prima, nem tia, nem ninguém vem aqui nesse inferno me visitar. De pai, que eu nem conheci, eu nem queria visita nem amor. A velha me disse que ele morreu de tanta cachaça. Tenho raiva dele não. Por mim, só o fato dele não ter forçado ela a me abortar já dá uma moral pro cara. Tô aqui nessa brabera, mas vivão na vida loka sem saber quando eu vou ter uma buceta pra meter. Mas tem poblema não. Amanhã tem bolinho chuva. Por isso taqui ó, que o Cavera fez no meu peito, a frase escrita dentro do um desenho de um coração. Pra velha.

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