quinta-feira, 16 de setembro de 2010

MANUAL PARA ESCREVER CONTO ERÓTICO


Aí, você me pergunta: “Isso lá é trabalho que se preze?”
Caralho! Na pindaíba. Na pindaíba a gente se submete a qualquer coisa por grana. As aulas particulares de Português estavam escassas e só me restava viver daquilo: escrever contos eróticos pra sites e revistas de terceira categoria. Usava vários pseudônimos. Escrevia contos de todos os gêneros. Não, não era difícil de fazê-los, eram os lugares-comuns de sempre.
Tô te falando: pra escrever aquelas babaquices, bastava que me passassem o tema.
Fácil? Moleza pra caralho de fazer. Mas era tudo sistematizado por categoria. Eu escrevia no computador e ia criando pastas com os arquivos por gêneros de contos : anal, bissexual, cunhada, enfermeiras, exibicionismo, fetiches, grupal, heterossexual, homossexual, incesto, infidelidade, lésbicas, menage, ninfetas, noivas , oral, orgia, podolatria, prima, professor, professora, sadomasoquismo, sogra, striptease, swing , travesti, virgindade, zoofilia, entre outros perversões até mais escabrosas. E quando me encomendavam, eu só ia lá nos arquivos, mandava por e-mail e uma semana depois tava o dindin depositado na minha conta.
Se eu era um putão pervertidão pra escrever aquelas coisas? Porra nenhuma! Papai-mamãe durante oito anos. Heterosexual monogâmico recém-divorciado, depois da separação eu tava era num jejum sexual danado. Só na bronha. Mas bronha só com filme pornô, que eu era viciadão. Meus contos mesmo nunca me deixaram de pau duro ( no máximo uma meia-bomba).
Quer saber? O esquema pra escrever era assim: alugava tudo quanto era tipo de filme de sacanagem, lia alguns livros e contos do tipo, reambientáva-os e usava a minha parca e porca imaginação pra costurar as estórias com os obrigatórios chavões. Me achava ridículo fazendo aquilo, mas, menos do que os que liam. Eu ria e pensava enquanto digitava: coméquié que neguinho consegue sentir tesão lendo aquelas tosqueiras? Mas logo vinha o "Foda-se!". Dava uma graninha e eu não saía com o filme queimado, já que nunca assinava com o meu nome verdadeiro.
Vida boa? Vida de merda, isso sim: bronha, filmes pornôs, bronha, contos eróticos, contas para pagar, bronha, credores...
Não. Não ficou nisso não. Tudo mudou quando eu a conheci. Foi num barzinho. Papo vai e vem, cerveja descendo lisa na goela, tomei coragem e contei pra ela do meu ofício. Pra minha surpresa, ela disse que curtia muito ler esses tipos de contos, acompanhava assiduamente na internet e nas revistas. Ficou pasma quando descobriu que alguns de seus contos preferidos era eu quem tinha escrito. Disse na minha cara que se masturbava lendo-os. Mas pediu uma prova de que era eu o verdadeiro autor dos escritos que a fascinava tanto. Peguei uma bic e um guardanapo e pedi um tema. Ela contou que nunca havia lido um em que uma madame tivesse fodido com um pedreiro. Peguei a caneta e escrevi um parágrafo:

“Trancei as pernas nas costas do pedreiro e passei a peneirar com vontade. Após o gozo, ele deixou a pica intumescida descansando dentro de minha boceta. “Ahhh... ahhh....” gritou a cada estocada que me dava.. a cada jato de porra que inundava minha xaninha! Me puxava ao seu encontro.. me pressionava contra seu corpo!! Nós dois suados, ele recostou-se em meu corpo, tentando recuperar o fôlego...”

Ela leu o guardanapo e mandou um “ tô molhadinha”.
Pra você ver, minha verga envergou na hora quando ouvi aquilo ( porra, foi mal pelo clichezão pornô - força do hábito!).
Toma esse caderninho e faz agora de um de um professor que come a aluna – ronronou no meu ouvido.
Caprichei na cafonice e na cacofonia:

“A classe já tinha saído toda da sala. Ela estava de mini-saia e uma camiseta, o uniforme da escola. Me mostrou a calcinha a aula inteira. “Você é uma menina muito safadinha...gosta de transar com professor, é?” Tirei sua roupa e fiquei olhando a sua calcinha bordada enfiada na bunda, que gostosa. Mostrei meu pau que ela tanto olhava durante a aula e coloquei na boquinha dela, que chupava com muito gosto, só que ela adorou o tamanho e grossura do meu pau, segurou com as duas mãos sugando com gosto. Na minha frente, de pernas abertas, fui enfiando meu pau bem devagar, matando ela de tesão, mas sua bucetinha estava apertadinha e fui arregaçando aos poucos sua entradinha vermelhinha.”

Ela, eufórica, sacudiu o meu ombro: “De corno viado! Adoro conto de corno viado!”

Eu já tava com o punho doendo, mas atendi ao pedido da fêmea.

“Fiquei de quatro no sofá e o rapaz começou a meter sem dó em mim, enquanto que meu marido se deliciava na chupetinha que o outro lhe fazia. Eu gozei muito, o rapaz era novinho, mas sabia meter como ninguém. Eu disse que queria os três perto de mim, meu marido colocou seu pau em minha boca...o outro continuou a meter em minha boceta e o chupador (risos)..pediu se poderia comer minha bundinha...como o pau dele era menor dos três, eu disse que tudo bem, passamos um creme e ele foi metendo gostoso...quando notei que o outro começou a colocar na bunda dele também...ou seja, um me comia e era comido...”

Falei chega. Tava cansado. Ela falou que eu era um gênio do erotismo. Pegou o tal caderninho e disse que ia pra casa se masturbar lendo o que eu havia escrito. Não entendi patavinas. Arrancou uma folha e me deu o número do seu celular. Marcou ali mesmo no dia seguinte. Fiquei sentado com cara de babaca olhando ela ir embora com o caderninho debaixo do braço.

No dia seguinte a mesma coisa, e no outro dia também : eu escrevia o que ela pedia no tal caderninho e ela saía me deixando de pau na mão. Eu no final da noite ia pra casa, sozinho, terminar na depressiva bronha.

Depois do sexto encontro dei um esporro. Que merda era aquela? Siririca às minha custas? E eu? Real minha filha! Quero real agora!
Se rolou o rala-e-rola? No bar mesmo, mão na rola e promessa de compromisso.

Começamos a namorar. Ela, apesar de novinha, era velhaca na arte da putaria. Dona de um sex-shop no centro da cidade, tinha contato com todos os tipos de pervertidos daquelas bandas. Comecei a colocar em prática toda a teoria que, até então, estava só no campo da imaginação. Parei de escrever e fiquei morando no apartamento dela. Casa comida e roupa lavada. Vida de nababo. Eu era uma espécie de escravo sexual. Começamos a experimentar tudo em termos de sexo. Nós nos viramos ao avesso. Não havia um buraco, greta ou reentrância nela que eu não conhecesse a fundo. Experimentamos de tudo: swing, ménage à trois, suruba, trouxemos travesti pra nossa cama, ela já deu pra negão e eu fiquei olhando, dupla penetração, fizemos sexo ao vivo no meio da festa, comi a irmã mais nova na frente dela, todos os apetrechos do sex shop passaram pela nossa cama.

Até que a coisa começou a ficar pesada. Ela começou a trazer consolos para fist fucking, correntes, anzóis, plástico pra sufocar o rosto, pediu pra que eu mijasse em cima dela, mijei. Pediu pra que cagasse em cima de mim, deixei. Tudo, tudo pra tentar satisfazer a cada vez mais insatisfeita vontade sexual dela. Comecei a me sentir mal. Já não tava me dando mais tesão.

Aí é que eu te digo: na verdade mesmo, o lance pegou foi quando ela pediu aquilo. Que havia sonhado fantasiando com aquele lance doido e que eu teria que fazer de qualquer jeito. Que só eu poderia fazer. Que confiava só em mim. Eu não queria fazer. Ela insistiu. Achei barra pesada. Repeti que não queria fazer. Falei que era eu quem mandava. Minha resposta era não, eu não ia fazer e pronto. Ela disse que era ela quem pedia, falou que eu ia fazer sim, miando daquele jeito que só ela sabe. Aí me contou como seria. Ia ser simples, simplérrimo - murmurou. Nada de apetrechos, consolos, pessoas estranhas. Só eu, ela e a cama do nosso quarto. O combinado era o seguinte, me disse tremendo de tesão:

- Vai ser assim: nós dois vamos nos deitar normalmente, abraçadinhos de conchinha, nada de sexo. Quando você perceber que eu peguei no sono pesado, você me vira de bruços, bota um travesseiro embaixo da minha barriga e, sem que eu acorde, tira a minha calcinha, deita em cima das minhas costas e mete com toda a sua força na minha buceta, me pegando desprevenida, à seco. Bombeia com força, agressivo, como um jumento cruzando com uma mula. Aí, quando eu acordar assustada, com uma das mãos você segura os meus pulsos com força, de forma que eu fique imobilizada, e com a outra mão você pega o travesseiro e afunda na minha cabeça me sufocando. Aí você tira o pau cheio de sangue da minha buceta, que vai estar toda esfolada em carne-viva, e enfia até o talo no meu cu. Mas é pra machucar mesmo. A seco. Não passa cuspe não. Aí quando você for gozar, você agarra no meu cabelo e brutalmente enfia o pau na minha goela e goza lá dentro até eu engasgar. Me chamando de puta rampeira. Puta rampeira, entendeu?

Se eu fiz? Fiz sim. Executei aquela merda toda. Como ela pediu. Mas não curti. Ela, toda ensangüentada, adorou. Disse que ia querer que eu fizesse todo dia. Achei que ela tava ficando doida de vez. Aquilo era coisa de doente. Terminei o namoro ali mesmo. Ela histérica fez um escândalo. Pegou uma faca, apontou pro próprio pescoço e falou que ia se matar. Fiquei assustado. Mandei ela procurar ajuda que ela tava doente da cabeça. Ela partiu pra cima de mim com a faca na mão. Dei um murro bem dado no meio da cara. Ela cambaleou e eu coloquei a demente pra fora de casa pra varanda, de calcinha e sutiã, a chutes. Na casa dela, mas era eu quem mandava. Na manhã seguinte ela bateu na porta, entrou mansinha e disse que tinha me perdoado, que ia pegar algumas coisas e que ia pra loja, deixei ela recolher o que quisesse no quarto. Saiu. Ficou dois dias sem dar sinal de vida.

Logo de manhã, o carteiro bate na porta e me entrega um envelope. Abro e tiro uma fita VHS, daquelas pequenininhas. Coloco a fita no adaptador e meto no vídeo-cassete. Susto. Pro meu espanto, tá toda a foda doida filmada. Tudinho em detalhes: pau na xota e no cu, travesseiro na cabeça, esporrada no rosto e na goela, solavanco no cabelo, discussão, soco na cara, chute pra fora de casa. Também dentro do envelope, uma cópia de um exame de corpo-de-delito constatando lesões na vagina e no ânus por estupro, um hematoma no abdômen e um ferimento no rosto. Outro exame confirmando resíduos de sêmen encontrado nos cabelos.

Você não vai acreditar! Minutos depois, recebo um telefonema dela dizendo que a polícia tava no encalço do estuprador e que se eu não topasse fazer aquilo todo dia, daquele jeito, ela ia dar o endereço do facínora.

“Se fudeu! Haveria algo pior do que isso?”- você me pergunta sacaneando.
Pois respondo que sim.
Na chantagem, ela ainda me obrigou a escrever este conto relatando toda a história.

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