quinta-feira, 16 de setembro de 2010

AZARAR


Lapa. Rua do Lavradio. Três e meia da manhã. Noite fria e chuvosa. Lotado o bar. Na mesa de bilhar, Ivanir, mulher-macho, sinuqueira das antigas, às gargalhadas, dá um cara-de-gato no Heraldo que, com a derrota atravessada na garganta, pega o copo, sai da mesa pensa no ditado ao avesso “ Azar no jogo, sorte no amor”, e parte pro meio do bar bêbado balbuciando: “Quero é fuder!”. Ao lado olha a loira curvilínea, peitões explodindo no decote, cabelos lisos até os ombros,cintura fina,a penugem de pelinhos-pêssego descendo até o rego da bunda. Bunda? Bundão-raimunda! “Crescei-vos e multiplicai-vos”, suspende o copo Heraldo, olhando torto pro bundão-raimunda. Raimunda é nome de mulher feia, deve ser Priscila, ou Patrícia, ou Pâmela o nome da loira, nome de mulher bonita começa sempre com “p”, pensou em voz alta. Ela ouviu e riu. “Olhou pra mim, chego junto! Azar o dela!” As palavras saíram atrapalhadas na voz do bêbado-tímido Heraldo: “A graça?” “Einh?” “A graça!” “ Que graça? Graça de que?”. Heraldão não desiste do da burrinha dona do burrão: “ O nome, caralho!” “Grosso!” “ Grosso não, porra! Recito a bíblia procê então: ““Crescei-vos e multiplicai-vos”. Ela gargalha. Ele pergunta qual é a graça. Rir da bíblia. Ela ri mais ainda. “Qual é a graça, porra?” “ O nome?” “ Não, porra! Qual é a graça de rir do que eu falei?” “Nada! Só achei graça!” “Foda-se! Quero fuder contigo!” “ Direto, einh?” “ Meter nesse rabão gostoso!” Ela ri mais ainda. Heraldo vê que tá no papo. Cata pelo braço, meio que à força, e sai arrastando a loira pela Lapa afora. Não conversam. Ela só ri e ri. Entram no Hotel Mundo Novo.Quarto 206. Tira a roupa da loira. Corpo de atriz pornô. Joga na cama e barbariza.Bêbado mete sem camisinha mesmo. “Crescei-vos e multiplicai-vos”, grita encharcando a buceta de porra. Ela gargalha. “ Não é que tem mesmo mulher que goza rindo?” Deixa pra comer o cobiçado bundão-raimunda por último. E come. Ela rindo. Ele deita ao lado dela. E acende um cigarro. Ela rindo pra caralho. Ele: “Qual é a graça?”
-Paulo.

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